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RECORTES DA HISTÓRIA DA VILA DE MONSARAZ E DE SUAS GENTES DE OUTRORA



História, lendas e tradições da Villa de Monsaraz
A Ordem do Templo em Monsaraz

Como sabemos, foram os cavaleiros da Ordem do Templo, ou dos Templários que, conquistaram, definitivamente a Villa de Monsaraz aos Mouros, no reinado de D. Sancho II, depois de ter sido perdida, como todas as terras da Raia que, tinham sido conquistadas em 1167 por Geraldo Sem Pavor, ao serviço do Rei D. Afonso Henriques!
O que era a Ordem do Templo ou dos Templários?
A história convencional afirma que, em 1118, nove homens formaram uma irmandade em Jerusalém chamada cavaleiros templários para dar proteção aos peregrinos que viajavam para a Terra Santa. Ao contrário da narrativa histórica há muito estabelecida, Portugal: A Primeira Nação Templária demonstra que a Ordem do Templo existia uma década antes no canto oposto da Europa, no seu território mais a ocidente.
Revela que a proteção dos peregrinos em Jerusalém foi confiada a uma organização distinta e que, em conluio com os monges cistercienses e a misteriosa Ordem de Sião, os templários levaram a cabo um dos planos mais ousados e secretos da história: a criação do primeiro Estado-Nação independente da Europa, Portugal, com um dos seus como rei.
Pode ser caso para Monsaraz escrever, apesar do que aconteceu a seguir: Obrigado cavaleiros Templários. Alguns, morreram por Monsaraz.
Cavaleiros Templários
Recortes da história da Villa de Monsaraz e de suas Gentes de outrora- 1232
Brasão da Família Zagallo, povoador de Monsaraz
Martim Anes Zagallo foi, provavelmente o 1º Alcaide e povoador de Monsaraz após a cristianização
Como sabemos, Monsaraz foi reconquistado por D. Sancho II, cerca de 1232, ficando na posse da Ordem dos Templários que, ajudaram este Rei, na sua reconquista!
Parece que, o primeiro Alcaide e povoador de Monsaraz foi o cavaleiro Martim Anes Zagallo, assim, tentamos saber quem foi este importante cavaleiro!
A pessoa mais antiga deste apelido que, foi possível conhecer, é o próprio, Martim Anes Zagallo, contemporâneo do Rei D. Afonso III e, um dos principais povoadores de Monsaraz, após a sua reconquista, cerca de 1232!
Prevê-se que, foi seu descendente Martim Pires Zagallo, a quem o Rei D. João I coutou uma herdade em Évora, porque, numa carta de brasão de armas está escrito que, este Martim Pires, era filho filho de Pedro Martins Zagallo e neto paterno de Martim Anes Zagallo, o antes referido!
Assim, através de documentos que envolvem os seus descendentes, foi possível prever as suas origens, afinal o primeiro deste apelido e, qual a sua intervenção em Monsaraz, nomeadamente, quanto ao seu povoamento, nos primeiros tempos da cristianização.
Adaptado de diversos registos históricos

História da Villa de Monsaraz e de suas Gentes de outrora
1345 da Era de Cristo

Conforme podemos verificar na carta de 09 de Setembro de 1383, ou Era de Cristo de 1345, a Freira Constança Anes do Mosteiro de Santos O Novo de Lisboa, veio comprar duas moradas de casas na Villa de Monsaraz, ou para rendimento dela, ou do dito Mosteiro, por cem libras! Devia ser um bom investimento nesta Villa que, já tinha fama pelas bandas de Lisboa!

Carta de compra que fez Constança Anes, freira deste Mosteiro de Santos-o-Novo, de duas casas em Monsaraz, na Rua Direita desta vila a Lopo Soares e sua mulher, por cem libras

📷 Documento composto Nível de descrição
PT/TT/MSN/4/1431 Código de referência
Formal Tipo de título
1383-09-09 📷 a 1383-09-09 📷Datas de produção
1 doc. (1 f., 190x210 mm); perg. Dimensão e suporte
Extensões
1 Folhas
Mosteiro de Santos-o-Novo, n.º 1431 Cota atual
Mosteiro de Santos-o-Novo, Lisboa (Alcácer), mç. 1, doc. 30 Cota antiga
Português Idioma e escrita
Arquivo Nacional da Torre do Tombo

Recortes da história da Villa de Monsaraz e de suas Gentes de outrora - 1384

Família Sousa



D. Gonçalo Rodrigues de Sousa, Alcaide Mor de Monsaraz em 1384
D. Gonçalo Rodrigues de Sousa, foi Alcaide Mor e Senhor da Villa de Monsaraz, nasceu cerca do ano de1330, na cidade de Évora, era filho de D. Rodrigo Afonso de Sousa, senhor de Arraiolos e Pavia e de Dª Constança Gil, mulher solteira, sendo legitimado em 1370! Viveu com Dª Maria Monfarrar e, casou com Dª Mencia Portocarrero Barreto!
A sua linhagem instalou-se em Évora, na primeira metade do século XIV! Em 1367, seu pai, Rodrigo Afonso de Sousa, vassalo do Rei D. Fernando, recebeu a confirmação das terras de Arraiolos e de Pavia que, já possuía desde os tempos do Rei D. Pedro I, sendo, já em 1371, um Rico Homem!
Como Gonçalo Rodrigues de Sousa, era considerado, bom, leal e verdadeiro servidor, em 1384, D. Nono Alvares Pereira, que tinha acabado de ser nomeado Fronteiro Mor do reino, pelo Mestre de Avis, o futuro Rei D. João I, nomeou D. Gonçalo Rodrigues de Sousa,Senhor e Alcaide Mor da Villa de Monsaraz, com todos os seus foros, portagens, honras e serviços reais!
D. João I de Castela, estava casado com Dª Beatriz de Portugal, filha do Rei D. Fernando e, quebrou o contrato que tinha assinado em Salvaterra de Magos, pelo qual, garantia nunca reivindicar para si, o trono de Portugal que, seria para o seu primeiro filho varão, com Dª Beatriz, então, este rei, através de promessas de lugares de relevo, conseguiu que, alguns Alcaides de Castelos portugueses traíssem a Pátria, entregando-lhe as Praças que deviam defender! Entre eles, estava o Alcaide Mor da Villa de Monsaraz, D. Gonçalo Rodrigues de Sousa! Quando D. Nuno Alvares Pereira, foi informado dessa traição, saiu de Évora e dirigiu-se a Monsaraz, onde, com a sua inteligência, enganou o traidor e reconquistou esta Praça, da forma bem conhecida, com a ajuda das vacas e, pouca ou nenhuma resistência! O dito Alcaide Mor foi preso e destituído, pouco depois, exilou-se no Reino de Castela, ficando a residir em Alcântara, perto de Cáceres e todos os seus bens, como também, os de sua mãe, Dª Constança Gil, foram confiscados e reverteram para a Coroa!
D. Gonçalo Rodrigues de Sousa, morreu em Alcântara de Cáceres, Castela, no dia 24 de Setembro de 1386, com cerca de 56 anos de idade!
O Senhorio e Alcaidaria Mor de Monsaraz, por carta de 24 de Setembro de 1384, foi doado pelo Rei D. João I, a Mem Rodrigues de Vasconcelos, com todos os foros, portagens, honras, serviços reais, entradas, saídas e dízimos!
A Villa de Monsaraz, nessa época, ficou na posse do Condestável, D. Nuno Alvares Pereira!
Continua com o Alcaide Mor de Monsaraz, D. Mem Rodrigues de Vasconcelos.



Recortes da história da Villa de Monsaraz e de suas Gentes de outrora
A conquista de Monsaraz, por D. Nuno Alvares Pereira em 1384


Após o falecimento do Rei D. Fernando "O Formoso", no dia 22 de Outubro de 1383, ficou a sua esposa Dª Leonor Teles, como Rainha Regente do Reino, mas como não existia herdeiro varão e apenas a sua filha Dª Beatriz casada com o Rei D. João I de Castela, começaram a surgir rumores que, este Rei se queria apoderar do Reino de Portugal com a permissão da sua sogra Leonor Teles. Quase, imediatamente surgiu uma crise política entre os dois Reinos, sendo o Reino de Portugal invadido, pelo Alentejo, por tropas de Castela, as quais, foram travadas pelas tropas portuguesas comandadas por D. Nuno Alvares Pereira, em Atoleiros, Concelho de Fronteira, no dia 6 de Abril de 1384!
Após esta Batalha e, estando a situação resolvida no terreno, D. Nuno Alvares Pereira dirigiu-se a Évora, onde chegou ao mesmo tempo da notícia que, o Governador da Praça de Monsaraz, D. Gonçalo Rodrigues de Sousa, tinha passado a dita Villa, para o domínio do Reino de Castela!
D. Nuno Alvares Pereira e seus oficiais, ficaram revoltados com a traição e, também, porque era uma Praça muito importante, devido à sua situação geográfica, junto à RAIA e de defesa dos Portos do Rio Guadiana, sendo logo decidido que, tinha de ser rapidamente recuperada!
O que se seguiu, talvez nos finais de Abril de 1384, consta nos documentos que a seguir publicamos!
D. Nuno Alvares Pereira, tinha uma inteligência invulgar, que lhe permitiu vencer todas as batalhas com os castelhanos, embora, tivesse sempre menos homens nos campos de batalha! Assim, também na conquista da Villa de Monsaraz, usou a sua inteligência, confirmando-se que, foi com a ajuda de cinco vacas que, conseguiu conquistar esta Villa e, com o apoio fundamental de, talvez mais de cem homens moradores nos arrabaldes, fiéis à Pátria e, com a promessa de prémios!
O traidor do Governador Gonçalo Rodrigues de Sousa, não foi perdoado e foi-se com os outros, salvou-se a sua esposa, devido a ser mulher e, por não ter culpa da sua traição à Pátria.
De: A vida de D. Nuno Alvares Pereira

Recortes da história da Villa de Monsaraz e de suas Gentes de outrora 1384

COMO NUNO ÁLVARES PEREIRA ORDENOU DE TOMAR MONSARAZ POR ARTE, E DE QUE GUISA FOI FILHADO.


Estando NunO Álvares nesta cidade, Évora, para acudir a qualquer parte onde os inimigos quisessem fazer guerra, soube novas de como Gonçalo Rodrigues de Sousa, que tinha o castelo de Monsaraz e se lançara com os castelhanos, mandara àquele a quem entregara o castelo que levantasse voz por elRei de Castela e guardasse a fortaleza por ele, coisa da qual NunÁlvares foi muito anojado por ser lugar no estremo e de onde algumas vezes entendia de ordenar coisas para serviço do Mestre, e também porque tão bom fidalgo como ele (Gonçalo Rodrigues) e outros tais em que o Mestre confiava e a quem fazia mercês não andavam sãmente ao seu serviço, conforme alguns por obra mostravam, e porque agora se via que era verdade a suspeita que dele tiveram no Porto quando ia por capitão da frota.
Onde sabei, pois ainda o não dissemos, que este Gonçalo Rodrigues era filho de Rodrigo Afonso de Sousa, rico homem, e de Constança Gil, mulher solteira de que o houvera em sendo casado.
E desejando Nuno Álvares de haver aquele castelo teve uma maneira para tal. Soube por informação certa que o escudeiro que era Alcaide não tinha consigo senão a sua mulher e poucos homens, e que estava minguado de mantimentos. E falou NunÁlvares com um escudeiro de que fiava, e deu-lhe por parceiros até dez ou doze para que se fossem lançar uma noite no arrabalde do lugar, e disse-lhe que ele, da outra parte do castelo, mandaria lançar lá em baixo, num vale que aí há, cinco ou seis vacas como que se andassem desamparadas e tivessem ficado dalgum roubo que os castelhanos levaram, e que entendia que o Alcaide sairia a elas pela porta que chamam Colorquia e não curaria de a fechar, por causa de trazer as vacas para o castelo, e que eles estivessem de atalaia a isto e, mal o vissem sair do castelo, que logo em ponto saltassem todos lá dentro e fechassem rapidamente as portas sobre si.
Os escudeiros lá foram, e uns poucos deles meteram-se em algumas casas mais chegadas bem cerca do castelo, e outros puseram-se atrás de penedos e barrancos que são juntos muito perto. E sendo as vacas lançadas antemanhã onde Nuno Álvares ordenara, levantou-se o Alcaide e viu-as andar naquele vale, e como as viu, teve que Deus lhe trazia a boa ventura pela porta e saiu-se logo rijamente, de guisa que com a aguça de ir às vacas não curou de a fechar nem de mandar pôr nela guarda, pensando de se tornar logo com elas.
Os escudeiros que estavam de guarda sobre ele, quando o viram sair cá fora, foram-se logo rijos à porta e entraram no castelo, e lançaram fora a mulher do Alcaide e os que com ela estavam, e fizeram saber a NunÁlvares como o castelo era filhado, da qual coisa ele foi muito ledo, e mandou pôr nele recado como cumpria e fê-lo saber ao Mestre, a quem isto muito prouve

Recortes da história da Villa de Monsaraz e de suas Gentes de outrora - 1422


D. Fernando I, 2º Duque de Bragança, 1º Senhor de Monsaraz desta Casa.

D. Fernando I, 2º Duque de Bragança, foi o primeiro donatário de Monsaraz desta Casa, em 1422
D. Fernando, nasceu por volta do ano de 1403, filho segundo de D. Afonso, bastardo legitimado do rei D. João I e de D. Beatriz Pereira, filha e única herdeira de D. Nuno Álvares Pereira, senhor de Monsaraz.
Em 4 de Abril de 1422 o condestável assegurou casas para os seus netos, desfazendo-se do seu património em favor dos mesmos, assegurando-lhes, assim, uma importantíssima posição social e a perpetuação da sua linhagem.
D. Fernando ficou com o núcleo de propriedades alentejanas do avô o condestável D. Nuno Alvares Pereira, com o título de 3º conde de Arraiolos e, Senhor de Monsaraz!
Casou em Dezembro de 1429 com D. Joana de Castro. Deste casamento nascerem oito filhos: D. Fernando, herdeiro da Casa de Bragança, D. João, Marquês de Montemor-o-Novo; D. Afonso, Conde de Faro; D. Álvaro; D. Isabel; D. Beatriz, Marquesa de Vila Real; D. Guiomar, Condessa de Valença e D. Catarina.
D. Fernando I, faleceu no ano de 1478, sucedendo-lhe no ducado o seu filho primogénito D. Fernando II, Duque de Bragança que, além do restante património da dita Casa, passou, também a ser o Senhor de Monsaraz.
D. Fernando II, 3º Duque de Bragança, Senhor de Monsaraz, foi decapitado na Praça do Giraldo, em Évora, no dia 21 de Junho de 1483 e, Monsaraz saiu da Casa de Bragança.

Recortes da história da Villa de Monsaraz e de suas Gentes de outrora - 1483

Brasão da Casa de Bragança
Como sabemos, o 3º Duque de Bragança D. Fernando II, foi decapitado na Praça do Geraldo em Évora, no dia 21 de Junho de 1483, por ordens do Rei D. João II, com a acusação do Duque ter atentado contra a vida este Rei! Os bens da Casa de Bragança, foram confiscados a favor da Coroa, logo, também, a Villa de Monsaraz, deixou de ser donatária da dita Casa, conforme podemos confirmar no documento redigido no dia 3 de Julho de 1483, através do qual, o Rei D. João II, concedia o privilégio de que, a Villa de Monsaraz seria sempre da Coroa! Mas não foi, porque em 1500, o Rei D. Manuel I, anulou este documento e devolveu tudo, títulos e propriedades à Casa de Bragança, ou seja, ao filho do decapitado, a D. Jaime 4º Duque de Bragança, devolvendo-lhe, também, a Villa de Monsaraz.
Arquivo Nacional da Torre do Tombo

Recortes da história da Villa de Monsaraz e de suas Gentes de outrora - 1483 - 1499
D. Diogo de Azambuja, Alcaide Mor de Monsaraz e, a má experiência na administração desta Villa
D. Diogo de Azambuja, morador em Monsaraz entre 1483 - 1499
D. Diogo de Azambuja era filho de Pedro Eanes de Azambuja, um escudeiro pobre de Montemor-o-Velho. Nasceu nesta vila Coimbrã em 1432, e com apenas 16 anos esteve presente na Batalha de Alfarrobeira, do lado do infante D. Pedro. O rei D. Afonso V perdoou-lhea insurreição mas ele manteve-se sempre ao lado do filho do infante, também chamado de D.Pedro, de quem era “guarda-roupa” um cargo honorífico que demonstrava ser o seu braço direito.
D. Diogo de Azambuja ocupou o cargo de comendador de Cabeço de Vide até Dezembro de 1481, quando recebeu de D. João II a tarefa de construir uma fortaleza na costa de África. Partiu de Lisboa a 11 de Dezembro numa frota de dez caravelas com 600 homens, dos quais 100 eram operários destinados à construção da fortaleza. A 19 de Janeiro de 1482, Diogo de Azambuja escolheu o local onde seria construída a fortaleza de São Jorge da Mina.
Quando regressou a Lisboa, D. João II concedeu-lhe mais privilégios em recompensa deste feito que assegurava o poder régio nas costas africanas.
A 4 de Julho de 1483, D. Diogo de Azambuja recebeu o cargo de alcaide-mor de Monsaraz, poder que foi alargado a 19 de Agosto de 1484, com a atribuição das rendas da portagem daquela vila alentejana.
Neste último documento, sabemos que D. Diogo de Azambuja ainda era comendador de Cabeço de Vide e de Rio Maior, em 23 de Agosto de 1484, foi testemunha na execução do Duque de Bragança.
Em 16 de Agosto de 1489, foi nomeado por D. João II para seu vedor de todas as artilharias, armazéns e tercenas do reino.
Sabemos que, depois do regresso das costas africanas, D. Diogo de Azambuja residia em Monsaraz.
O cargo de alcaide-mor com poderes sobre as portagens implicava a sua presença na vila, facto que é confirmado pela documentação da época que o designa por “morador em Monsaraz”.A presença física de D. Diogo de Azambuja em Monsaraz pode ser comprovada por outros documentos, em que o rei necessitou de intervir para fazer valer a vontade do seu homem de confiança face aos poderes locais.
Em 1490, o rei D. Manuel I agiu, porque a Câmara de Monsaraz não estava de acordo com o facto de ser o alcaide-mor a repartir as coutadas.
Entre 10 e 20 de Dezembro de 1494, Diogo de Azambuja que vivia na torre de menagem do castelo de Monsaraz, comprou a vários proprietários a Herdade dos Pereiros sita naquele concelho.
Pouco depois, a 10 de Abril de 1496, o rei D. Manuel I enviou duas cartas aos juízes, concelho e homens bons de Monsaraz confirmando a nomeação que D. Diogo de Azambuja fizera na pessoa do seu criado, Diogo Rodrigues, como tabelião do cível e crime, contador dos feitos e custas e inquiridor na dita vila.
D. Diogo de Azambuja governava um concelho do rei com a vontade totalitária permitida numa comenda da Ordem de Avis, contudo, o povo de Monsaraz, habituado ao longínquo e pouco sentido poder régio, não tolerou este funcionário com pretensões a senhor feudal e D. Manuel I não teve outro remédio senão chamá-lo a Lisboa.
D. Diogo de Azambuja abandonou completamente a vila de Monsaraz, tendo inclusive vendido à fazenda régia várias herdades que aí possuía, terras que foram, por sua vez, vendidas a D. Nuno Manuel, em Março de 1499.
Perante a má experiência na gestão de Monsaraz, D. Manuel I enviou Diogo de Azambuja, em 1506, para Mogador com a tarefa de construir mais uma fortaleza.
Em 10 de Janeiro de 1510, foi nomeado para construir o castelo da Cidade de Safim, no Norte de África, onde permaneceu como governador até ao final de 1511. Aqui, foi acusado, mais uma vez, pelas populações locais de ser demasiado autoritário e de concentrar diversos poderes na sua pessoa.
Regressou a Lisboa onde recebeu, a 13 de Novembro de 1513, uma tença anual de 213.000 reais.
D. Diogo de Azambuja escolheu a sua terra natal, Montemor-o-Velho, para residir durante os últimos anos de vida, onde faleceu em 1518. Aí fundou o Convento de Nossa Senhora dos Anjos, onde colocou a sua sepultura composta por um túmulo ricamente esculpido, com arca decorada e corpo jacente, à maneira medieval. Na arca encontra-se a representação dos trabalhadores a construírem o castelo de São Jorge da Mina, o seu maior feito e aquele pelo qual desejava ser recordado.
Assim, parece que, D. Diogo de Azambuja foi morador e Alcaide Mor da Villa de Monsaraz cerca de 15/16 anos.

Do livro: "A casa onde nasceu António de Azambuja em Cabeço de Vide" João Miguel Simões.
Com algumas modificações.

Recortes da história da Villa de Monsaraz e de suas Gentes de outrora - 1496



Nesta carta redigida no dia 10 de Abril de 1496, El Rei D. Manuel I "O Venturoso", confirma o cargo de Tabelião do Cível e do Crime do Concelho de Monsaraz a Diogo Rodrigues, o qual era criado de Diogo de Azambuja, o Alcaide Mor da Villa de Monsaraz!

Por carta dirigida aos juízes, Concelho e homens bons da vila de Monsarás, a Diogo Rodrigues, criado de Diogo de Azambuja, morador na vila de Monsaraz, é confirmado o ofício de tabelião do Cível e Crime nessa vila e seu termo.

El-rei o mandou pelo doutor Martim Pinheiro, do seu desembargo, corregedor na corte dos feitos crimes com alçada que ora por seu especial mandado tem cargo de chanceler-mor. Simão Álvares, escrivão de Pero Borges, fidalgo da Casa d'el-Rei a fez.Âmbito e conteúdo
Chancelaria de D. Manuel I, liv. 33, fl. 27v Cota atual
Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Folha 27 verso, do livro 33 da chancelaria do Rei D. Manuel I


Recortes da história da Villa de Monsaraz e de suas Gentes de outrora
A Villa de Monsaraz, em 1500, voltou à Casa de Bragança


CASA DE BRAGANÇA
Em 21 de Junho de 1483, quando ocorreu a execução do terceiro Duque de Bragança, D. Fernando II, na Praça do Geraldo, em Évora, por ordem expressa do rei D. João II, seu cunhado, o filho primogénito de D. Fernando, D. Jaime, então com quatro anos de idade, é conduzido para Espanha, juntamente com o seu irmão D. Dinis, levados pelo tio, D. Álvaro de Bragança, (irmão mais novo de D. Fernando II), são acolhidos pelos Reis Católicos, Isabel e Fernando que, lhe deram uma educação muito esmerada.
Após o falecimento do Rei D. João II, em 25 de Outubro de 1495, por não ter herdeiros diretos, uma vez que, o seu único filho, D. Afonso, tinha falecido num estranho acidente de cavalo, em Alfange de Santarém, sucedeu-lhe no trono de Portugal o seu primo e aperfilhado, D. Manuel I que, no ano de 1.500 anulou a sua sentença contra a Casa de Bragança e convidou D. Jaime de Bragança do qual, era tio, a voltar à Corte portuguesa, restituindo-lhe todos os títulos e bens, entre os quais, a Villa de Monsaraz, ficando, novamente, a Casa de Bragança donatário da mesma, com todas as rendas e direitos, como podemos confimar no seguinte documento:

HISTÓRIA ADMINISTRATIVA / BIOGRÁFICA /FAMILIAR
A Casa de Bragança foi a mais importante das casas senhoriais portuguesas. Teve início pelo casamento de D. Afonso, conde de Barcelos, filho natural de D. João I, com D. Beatriz, filha de D. Nuno Álvares Pereira. As doações da Casa de Bragança estavam isentas da Lei Mental. Os senhores da Casa eram duques de Bragança, de Barcelos e de Guimarães, marqueses de Valença e de Vila Viçosa, condes de Ourém, Arraiolos, Neiva, Faro, Faria e Penafiel, e senhores de Monforte, Alegrete, Vila do Conde e outros lugares. O património eclesiástico incluía as colegiadas de Guimarães, de Barcelos e de Ourém, a apresentação de várias igrejas, o padroado de conventos e numerosas comendas da Ordem de Cristo. Provia, entre outras, as alcaidarias-mores de Vila Viçosa, Monsaraz, Arraiolos, Borba, Évora-Monte, Ourém, Barcelos, Vila do Conde e Bragança, e as ouvidorias de Vila Viçosa, Ourém, Barcelos e Bragança. Os Duques de Bragança tinham as prerrogativas de Infantes, precediam a todos os titulares e tinham o privilégio de conferir graus de nobreza. Em 1483, o rei D. João II mandou decapitar o 3º duque, D. Fernando, por alegada conspiração, e confiscou todos os bens da Casa de Bragança. D. Manuel I restituiu-os, acrescentando-os, ao duque D. Jaime. Em 1640, o duque D. João subiu ao trono, sendo o 4º rei desse nome. A Casa de Bragança foi então considerada independente da Coroa, constituindo o património dos primogénitos dos soberanos. Com o advento do Liberalismo a Casa de Bragança perdeu muitos privilégios mas continuou a ser uma das mais importantes do reino. Depois da proclamação da República a Casa Ducal foi considerada património pessoal do último rei e, após a sua morte, foi constituída a Fundação da Casa de Bragança que, além de administrar os bens patrimoniais desenvolve acções culturais.
FONTE IMEDIATA DE AQUISIÇÃO OU TRANSFERÊNCIA
Documentação adquirida por compra à Livraria Biblarte, em 15 de janeiro de 1981.
ÂMBITO E CONTEÚDO
Inclui escrituras originais referentes a doações feitas a D. Jaime, duque de Bragança, e a seu irmão, D. Teodósio, de igrejas em Barcelos e em Guimarães.
Arquivo Nacional da Torre do Tombo

Recortes da história da Villa de Monsaraz e de suas Gentes de outrora - 1509


Através desta carta redigida no dia 14 de Dezembro de 1509, o Rei D. Manuel I "O Venturoso", confirma e aprova a doação e consentimento de D. João D' Eça Duque de Bragança fez a D. Nuno Alvares, das terras de Roncão no Concelho de Monsaraz, as quais tinham sido dadas a D. Di
ogo de Azambuja, pelo Concelho de Monsaraz!
D. Diogo de Azambuja, tinha sido nomeado Alcaide Mor de Monsaraz no dia 4 de Julho de 1483, pelo Rei D. João II "O Principe Perfeito"!

Quem era D. Diogo de Azambuja?
Tornou-se Cavaleiro da Ordem de Avis e entrou ao serviço do Infante D. Pedro, filho do Regente com o mesmo nome, como Guarda-Roupa da sua Casa.
Na sequência da Batalha de Alfarrobeira acompanhou o seu senhor no exílio. Em 1458 já se encontrava ao lado de Afonso V de Portugal na conquista de Alcácer-Ceguer em Marrocos. Recebeu várias Comendas e tornou-se Conselheiro do Rei.
Conquistou a vila de Alegrete aos castelhanos, que tinha sido ocupada durante a guerra de sucessão ao trono daquele reino, tendo sido ferido em combate numa perna.
Em 1481 foi nomeado por João II de Portugal como capitão-mor da armada encarregada da construção da fortaleza de São Jorge da Mina. Esta era composta por nove caravelas e duas naus, transportando 600 soldados, 100 pedreiros e carpinteiros, e mais pedra aparelhada necessária à construção daquela fortaleza-feitoria no golfo da Guiné. Este será o feito mais conhecido da sua carreira, tendo exercido o cargo de capitão-mor da fortaleza de 1482 até 1484, data em que regressou a Lisboa. Nesse mesmo ano, o monarca teve conhecimento duma conjura de D. Diogo, Duque de Viseu, que havia sido feito chefe dos descontentes quando subiu ao trono por causa da política centralizadora do monarca, preparada para assassinar o rei e o príncipe herdeiro, o que lhe permitiria depois subir ao trono. Mas, atraindo o cunhado a Palmela, o rei o apunhalou por suas próprias mãos ou, segundo os relatos escritos, por Diogo de Azambuja com o auxílio de D. Pedro de Eça, Alcaide-Mor de Moura, e de Lopo Mendes do Rio.
Foi recompensado pelo soberano com o cargo de Alcaide-Mor do Castelo de Monsaraz, para além de outras recompensas como a nomeação para o Conselho Real e uma Carta de Armas de Mercê Nova para o seu Apelido: esquartelado, o primeiro e o quarto de vermelho, com um castelo de ouro, aberto, iluminado e lavrado de azul, o segundo e o terceiro de ouro, com quatro bandas de vermelho; timbre: o castelo do escudo.
Diogo de Azambuja manteve-se ligado à Corte e ao serviço do rei, embora a sua idade e a deficiência física na perna aconselhassem o seu afastamento. Ainda assim, foi com mais de setenta anos de idade que aceitou a missão de que Manuel I de Portugal o incumbiu em 1506: a de construir a fortaleza de Mogador na região sul de Marrocos, para amparo à fixação portuguesa. Azambuja não apenas cumpriu a missão com êxito, como tomou a própria cidade de Safim, permanecendo como capitão da cidade até 1509, com a idade de cerca de 77 anos. Nesta data regressou a Portugal, vindo a falecer em 1518, sendo sepultado em túmulo no claustro da Igreja de Nossa Senhora dos Anjos, em Montemor-o-Velho.

Confirmação e aprovação que el-rei fez da doação e consentimento que Dom João d'Eça, Duque de Bragança fez a Dom Nuno Álvares Manuel de umas terras no Roncão, termo de Monsaraz, que tinham sido dadas pelo concelho de Monsaraz a Diogo da Azambuja.


El-rei o mandou pelos doutores Diogo Pinheiro, vigário de Tomar, abade ...? do Mosteiro do Crato e João Pires das Cuberturas (sic), cavaleiro da ordem de Avis, comendador das comendas de Stª Mª de Beja e Montemor-o-Novo, ambos do seu conselho e desembargo e seus desembargadores dos agravos em esta corte e casa da suplicação. João Alvares a fez.Âmbito e conteúdo
Chancelaria de D. Manuel I, liv. 36, fl. 43v Cota atual
Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Folha 43 verso do livro 36 da chancelaria de D. Manuel I
D. Teodósio I, 5º Duque de Bragança Senhor da Villa de Monsaraz entre 1532 e 1567

Depois do falecimento de D. Jaime I, 4º Duque de Bragança, sucedeu-lhe no Ducado, o seu filho primogénito D. Teodósio I, 5º Duque de Bragança, instituindo com os seus bens patrimoniais, um morgado importante que, uniu aos que já existiam, entre outros, a Comenda de Santa Maria de Monsaraz, instituída pelo seu pai, conforme carta de 20 de Fevereiro de 1529!
D. Teodósio I, era muito culto, foi educado pelo grande mestre Diogo Sigeo, de Toledo, destacando-se nas artes, principalmente, na pintura e na escultura, não estando fora de hipótese, ser o autor do fresco do Bom e Mau Juiz existente nos Antigos Paços de Audiência na Villa de Monsaraz!
D. Teodósio I, interessava-se pelo que se passava nas Cortes estrangeiras, pagando a agentes em diversos Reinos, para lhe remeterem noticias, que depois colecionava em volumes, a que dava o titulo de "os livros de muitas coisas"!
D. Teodósio I, era Senhor da Vila de Monsaraz, logo, de todas as rendas e direitos reais, execeto das Justiças, as quais, estavam sob o domínio do Reino, como se pode confirmar na carta de 18 de Abril de 1533, do Ouvidor de Monsaraz, Simão Costa, ao Rei D. João III, mas verifica-se que, mesmo assim, algumas causas chegavam à Corte, através do Duque de Bragança!
Em 1532, quando da posse do Senhorio da Vila de Monsaraz por D. Teodósio I, o Alcaide Mor desta Vila, era D. António Lobo de Melo que, pela carta de 28 de Março, desse ano, podemos verificar que, respondia perante o Duque de Bragança e, não do rei D. João III!
Nos primeiros anos da administração do Senhorio por D. Teodósio I, sucederam-se alguns acontecimentos pouco dignificantes na Villa de Monsaraz, como o arrombamento da prisão, por um grupo de castelhanos de onde tiraram alguns presos, sem intervenção dos respetivos guardas, ou ordenanças, assim como, da vergonhosa prisão do Ouvidor Simão Costa, por se ter envolvido com a mulher do Tabelião de Monsaraz e, outros que envolveram alguns lacaios da Casa de Bragança! Após uma ligeira análise dos documentos disponíveis, não encontramos intervenções de relevo, de D. Teodósio I, a favor da Vila de Monsaraz, durante o seu Senhorio!
Nessa época, a Vila de Monsaraz, tinha ligação permanente a Vila Viçosa, uma vez que, era nesta Villa que residia, oficialmente, o Duque de Bragança, no Paço Ducal construído pelo seu pai D. Jaime de Bragança e, verifica-se que, ao longo dos anos seguintes, em termos políticos, de justiça e religiosos, a Vila de Monsaraz, esteve orientada para Vila Viçosa e Elvas!
D. Teodósio I, faleceu no Paço Ducal de Vila Viçosa, no dia 22 de Setembro de 1563, com 58 anos de idade, estando sepultado no Panteão dos Duques de Bragança, na Igreja dos Agostinhos nesta Vila.
D. Teodósio I, 5º Duque de Bragança

Recortes da história da Villa de Monsaraz e de suas Gentes de outrora - 1558

Carta de padrão da Alcaidaria-Mor da vila de Monsaraz, concedida pelo senhor da vila, Dom Teodósio, Duque da Bragança, a António Lobo, fidalgo da Casa de Bragança, a 13 de Dezembro de 1558.
O duque Dom Teodósio nomeou António Lobo, fidalgo da sua casa, para o cargo de alcaide-mor do castelo da vila de Monsaraz, pertencente à Casa de Bragança. Como o fidalgo lhe prestava bom serviço e confiava na sua bondade e fidelidade entregou-lhe a alcaidaria com todos os direitos e rendimentos que a mesma possuía (penas de armas, açougagem, salaio e vento), rogando aos fidalgos, cavaleiros, homens bons e povo da vila que acatassem e obedecessem a tudo o que dizia respeito ao dito cargo.
A vila de Monsaraz foi integrada na Casa de Bragança em 1412, por doação do Condestável D. Nuno Álvares Pereira a seu neto D. Fernando. Em 1384 Monsaraz estava na posse dos castelhanos, tendo sido recuperada pelo exército de D. João I, comandado pelo Condestável D. Nuno Álvares Pereira. Na sequência da reconquista D. João I fez doação da localidade ao Condestável. Monsaraz foi uma das mais importantes fontes de rendimento desta Casa Ducal portuguesa.
O cargo de alcaide-mor remonta à Idade Média, tendo sido criado para a defesa dos castelos cujos domínios pertenciam ao rei ou a um senhor, como foi o caso da alcaidaria-mor de Monsaraz pertencente à Casa de Bragança.
Para o cargo eram escolhidos homens descendentes de boa linhagem, de bom comportamento, de boa personalidade e de boa forma física que, perante a ameaça de guerra, estivessem predispostos a passar privações (fome, sede e frio) em prol da defesa do castelo que estava à sua guarda. O alcaide-mor tinha de ser leal, não podia trair os seus em troca de suborno nem fugir da própria morte em caso de ameaça.
O alcaide-mor a quem o rei ou senhor concedia o cargo com jurisdição das terras e respetivos rendimentos era obrigado a restaurar e a fazer no castelo e na povoação tudo o que fosse indispensável para a vida e proteção dos mesmos.

Texto e Documento. Arquivo D

D. Sebastião






Após a visita D' El-Rei D. Sebastião à Praça de Mourão, no dia 9 de Fevereiro de 1573, seguiu-se a importante Praça de Olivença, o problema era, qual o melhor e mais rápido percurso que o rei e sua Corte deviam tomar para chegar à referida Vila? Todos sabiam qual era esse caminho, mas implicava a invasão do Reino de Espanha, que podia ser mal entendida pelo seu primo Filipe II, que então o governava. Decorria o mês de Fevereiro e, o Rio Guadiana não permitia a sua passagem segura, sem ser em Barcas, mas demoravam muitas horas a passar homens e cavalos e outros muares, e teriam de seguir por Monsaraz - Terras de Capelins - Juromenha - Ponte da Ajuda - Olivença, ficava muito longe, e ele não tinha muito tempo. Estava perante um dilema, que depressa o resolveu, porque já tinha pensado em o fazer, era simplesmente, atravessar as Terras de Espanha, quase em linha reta, de Mourão - Vila de Cheles - São Bento da Contenda (português) - Olivença. Valeram-lhe o Alcaide Mor de Mourão, D. Diogo de Mendonça de Lima e seu cunhado, 4º Senhor de Cheles D. Francisco Manoel de Villena, (filho de uma portuguesa e também vivia com uma portuguesa, irmã da esposa do Alcaide de Mourão), que permitiu atravessar as suas Terras e ainda o recebeu, servindo-o com grande bizarria em tudo, grandes banquetes e tudo do melhor para toda a Corte portuguesa. Quem conhece Cheles e as suas vistas sobre as Terras de Capelins, acha que existe algum exagero quando dizemos que D. Sebastião estava num grande banquete em Cheles e olhando as suas Terras de Capelins? A não ser que estivesse encafuado em alguma cave, mesmo assim, à chegada e partida de Cheles tinha que ver bem vistas as suas Terras de Capelins, (Vila de Ferreira, dos Freires de Andrade, mas sempre do Reino de Portugal).





A partir de Cheles seguiu por São Bento da Contenda até Olivença, onde esteve nos dias 10 e 11 de Fevereiro de 1573. Depois, visitou Elvas, Vila Viçosa, onde matou saudades da família, foi por Estremoz até Évora, onde chegou no dia 14 de Fevereiro de 1573, ou seja, 44 dias depois da sua partida desta cidade.

A versão do cronista:
"Querendo recolher-se cortou na volta a jornada. Intentou entrar pela posta? em Castella, e o conseguio, levado da viveza do seu espírito, que sempre o moveo ao mais arduo. Passou pela Villa de Cheles, onde D. Francisco Manoel (de Villena), Senhor daquela Villa, o recebeo, e a toda a Corte, servindo-o com bizarria em tudo, ainda no vedado uso das Leys dos Reynos confinantes. Vio já El-Rey do seu as Fronteiras de Castella e quiz com louvável fim acabar a sua jornada"
In História genealógica da Casa Real Portugueza desde a sua origem até o presente"
Offerecido a el-rei D. João V Nosso Senhor
Por D. António Caetano de Sousa
Tomo VI
MDDXXXIX 1739
https://books.google.pt/books?id=nLCM4B96qsYC&pg=PA141&lpg=PA141&dq=Villa+de+Cheles&source=bl&ots=GS4OhI4BiQ&sig=kLFoPDAAwFEjqTJ5fpPjddrjtxo&hl=pt-PT&sa=X&ei=jZ6NVY_2FsrjU9SuiOgO&ved=0CB4Q6AEwADgU#v=onepage&q=Villa%20de%20Cheles&f=false
Existem outros documentos sobre esta jornada do rei D. Sebastião.

A visita D' El-Rei D. Sebastião ao Algarve e Alentejo, em 1573

Como sabemos, a vida do nosso rei D. Sebastião foi muito curta, nasceu no dia 20 de Janeiro de 1554 e morreu em 04 de Agosto de 1578 em Alcácer Quibir, então com 24 anos. Foi acusado de viajar pouco no nosso país, mas compreende-se que teve pouco tempo para o fazer. No entanto, são conhecidas duas visitas às Praças do Algarve, em 1571 e 1573, nesta última, também visitou várias Praças do Alentejo. Assim, saíu de Évora no dia 02 de Janeiro de 1573 com uma pequena comitiva de Senhores, Fidalgos e Ministros, entre os quais, o senhor D. Duarte, seu tio; o Duque de Aveiro, Jorge de Lencastre; D. Pedro Dinis de Lencastre, irmão do anterior; o Conde de Vimioso D. Affonso de Portugal e dois filhos deste; D. Diogo da Sylveira, Conde de Sortelha, Guarda Mor de sua pessoa; D. Alvaro de Castro, que foi depois seu valído e já era favorecido; D. Fernando Alvares de Castro, que parece ser filho do anterior; D. Martim Pereira, que tinha o lugar de vedor da Fazenda; Francisco de Távora, Reposteiro Mor; D. Luís de Menezes, Alferes Mor; Filippe de Aguilar, que servia de vedor da Casa; Sancho de Tovar, que fazia o seu offício de Monteiro Mor; Bhaltazar de Faria, Almostácer Mor; Manoel Quaresma, e Miguel de Moura, secretários; D. Martinho de Sousa; D. João de Castro; José Gonçalves da Câmara; D. João da Sylveira; Christóvão fr Távora e Pedro Guedes, estes erão os Fidalgos, que fazião a Corte. Os moços erão D. Alvaro da Sylveira, que servia do Pendão; D. Luíz, irmão deste, D. Alvaro, D. João de Castro, D. Lucas e D. João de Portugal, filhos do Estribeiro Mor, que hum servia com a mala, e o outro com a caldeirinha, com D. Alvaro da Sylveira, filho do Guarda Mor. 
Como referimos saíu de Évora, por: Viana do Alentejo - Cuba - Beja - Entradas - Castro Verde - Cabeços - Almodôvar - Ourique - Messejana - Vila de Colos - Odemira - Odeceixe - Aljezur - Lagos - Cabo de S. Vicente - Sagres - Quarteira - Loulé - Faro - Tavira - Castro Marim - Alcoutim - Mértola - Serpa - Moura - Mourão (a visita vai continuar, contamos no próximo episódio).
D. Sebastião visitou a Praça de Castro Marim no dia 03 de Fevereiro de 1573, aqui Despachou, fez Justiças, audiências e passeou, visitou a barra do rio Guadiana e a Vila de Ayamonte, foi grande festa para portugueses e para espanhóis que o aplaudiram como sendo seu rei. Voltando a Castro Marim, dali seguiu de barco na manhã de 04 de Fevereiro, com destino a Alcoutim, (só neste percurso utilizou barco, o restante foi sempre por terra), em Alcoutim, foi recebido pela Condessa de Alcoutim Dª Maria da Sylveira de Meneses, na sua Casa Apalaçada, com um banquete digno de tão honrado visitante. No dia seguinte, continuou a sua visita às Praças antes referidas, até chegar a Mourão no dia 8/9 de Fevereiro de 1573, onde foi recebido por D. Diogo de Mendonça de Lima, Alcaide Mor da Praça de Mourão. É a partir de Mourão que se deu a surpresa, sobre as Terras que visitou e por onde seguiu até chegar a Vila Viçosa no dia 12 de Fevereiro de 1573, onde acabou esta jornada.


El-Rei D. Sebastião, o Desejado, esteve muito perto de Capelins em Fevereiro de 1573.


El-Rei D. Sebastião, então com 19 anos de idade, avistou as Terras de Capelins, em Fevereiro de 1573, esteve meia légua pequena a sul, onde foi muito bem recebido. Brevemente, vamos informar, como, onde, porquê, esteve El-Rei nessa localidade nossa vizinha. Por agora, vamos dar a conhecer um pouco mais da vida deste Rei de Portugal.

El-Rei D. Sebastião, era filho do príncipe Dom João e de Dona Joana de Áustria. Seus avós paternos eram o rei de Portugal Dom João III e a Rainha Dona Catarina. Seus avós maternos eram o imperador Carlos V e a Imperatriz Dona Isabel. Dona Isabel era irmã de Dom João III.
"O príncipe Dom João, seu pai, morreu em 2 de Janeiro de 1554, deixando todo o reino com sobressaltos, pois Dom Sebastião ainda estava no ventre da sua mãe, Dona Joana, que era prima de Dom João. Dom João foi o único filho sobrevivente dos nove que Dom João III havia tido, e a sucessão do reino passou a depender do sucesso do parto.
O problema que ocorria em Portugal não era a falta de herdeiros, mas por causa do contrato de casamento de Dona Maria, irmã do príncipe defunto, com Dom Felipe II de Castela, pelo qual, caso não houvesse sucessores, o reino passaria ao filho desta união, Dom Carlos, ocorrendo a união com Castela, que os portugueses sempre abominaram.
arcebispo de LisboaDom Fernando de Vasconcelos e Meneses, ordenou que, assim que começassem as dores de parto, avisassem à , para que fosse feita uma procissão de fé. Dezoito dias depois da morte do príncipe, a princesa começou a sentir as dores, na noite do dia 19 para o dia 20 de Janeiro. De madrugada chegou o aviso, e o povo que afluiu à igreja de São Domingos foi tamanha que várias ficaram de fora, indo padres a pregar do lado de dentro e outros a pregar do lado de fora.
Na manhã do sábado, do dia 20 de Janeiro de 1554, nasceu o príncipe, e foi dada a notícia do nascimento do Desejado, recebida com orações de agradecimento a Deus.
Em 27 de Janeiro, ao oitavo dia, ele foi batizado pelo Cardeal-Infante D. Henrique, irmão do rei Dom João III, e recebeu o nome de São Sebastião, por causa do dia em que havia nascido, sendo seus padrinhos o rei e a rainha, seus avôs.
Em virtude de ser um herdeiro tão esperado para dar continuidade à Dinastia de Avis, ficou conhecido como O Desejado; alternativamente, é também memorado como O Encoberto ou O Adormecido, devido à lenda que se refere ao seu regresso numa manhã de nevoeiro, para salvar a Nação.
No ano seguinte, em 11 de Junho de 1557, morreu o rei Dom João III. Sebastião tornou-se rei com três anos, quatro meses e vinte e dois dias de idade.
Durante a sua menoridade, a regência foi assegurada primeiro pela sua avó, a rainha Catarina de Áustria, viúva de D. João III, e depois pelo tio-avô, o Cardeal Henrique de  Évora, (23 de Dezembro de 1562-1568). Neste período, para além da aquisição de Macau em 1557 e Damão em 1559, a expansão colonial foi interrompida. A premência era a conjugação de esforços para preservar, fortalecer e defender os territórios conquistados.
Durante a regência de D. Catarina e do cardeal D. Henrique e o curto reinado de D. Sebastião, a Igreja continuou a sua ascensão ao poder. A actividade legislativa centrou-se em assuntos do foro religioso, como por exemplo a consolidação da Inquisição e sua expansão até à Índia, a criação de novos bispados na metrópole e nas colónias. A única realização cultural importante foi o estabelecimento de uma nova universidade em Évora – e também aqui a influência religiosa na corte se fez sentir, pois foi entregue aos Jesuítas.
Investiu-se muito na defesa militar dos territórios. Na rota para o Brasil e a Índia, os ataques dos piratas eram constantes e os muçulmanos ameaçavam as possessões em Marrocos, atacando, por exemplo, Mazagão em 1562. Procurou-se assim proteger a marinha mercante e construir ou restaurar fortalezas ao longo do litoral.
Os bastiões no Norte de África, pouco interessantes em termos comerciais e estratégicos, eram autênticos sorvedouros de dinheiro, sendo necessário importar quase tudo, além do que, sujeitos a constantes ataques, custavam muito em armamento e homens. Assim, Filipe II em 1589 viria prudentemente a devolver aos mouros Arzila, oferecida a D. Sebastião em 1577 por Mulay Mohammed. Filipe II retirou-se.
De facto, a preservação das praças em Marrocos devia-se sobretudo à questão de prestígio e tradição. No entanto, estas evidências pouco interessavam a D. Sebastião, pois o seu grande sonho era conquistar Marrocos.
O jovem rei cresceu educado por Jesuítas e tornou-se num adolescente de grande fervor religioso, embora a sua falta de experiência militar e política viesse a conduzir o exército português a grandes perdas no Norte de África e à própria morte ou desaparecimento do rei.

Aos 14 anos, D. Sebastião assume a governação. Sonhava com batalhas, conquistas e a expansão da Fé, profundamente convicto de que seria o capitão de Cristo numa nova cruzada contra os mouros do Norte de África.

D. Sebastião começou a preparar a expedição contra os marroquinos da cidade de Fez. Filipe II de Espanha, seu primo, recusou participar e adiou o casamento de D. Sebastião com uma das suas filhas para depois da campanha. 

O exército português desembarcou em Marrocos em 1578 e D. Sebastião rumou imediatamente para o interior. Na batalha de Alcácer-Quibir, o campo dos três reis, os portugueses sofreram uma derrota às mãos do sultão Abd al-Malik (Mulei Moluco) e perderam uma boa parte do seu exército. Quanto a D. Sebastião, morreu na batalha ou foi morto depois desta terminar. Conta-se que, ao ser aconselhado a render-se, e a entregar a sua espada aos vencedores, o rei se tenha recusado com altivez, dizendo: "A liberdade real só há de perder-se com a vida." Foram as suas últimas palavras, e é-nos dito que ao ouvi-las, "os cavaleiros arremeteram contra os infiéis; D. Sebastião seguiu-os e desapareceu aos olhos de todos envolto na multidão, deixando ... a posteridade duvidosa acerca do seu verdadeiro fim."  Há quem defenda, por outro lado, que o seu corpo tenha sido enterrado logo em Ceuta, "com toda a solenidade". Mas para o povo português de então o rei havia apenas desaparecido. Este desastre teria as piores consequências para o país, colocando em perigo a sua independência. O resgate dos sobreviventes ainda mais agravou as dificuldades financeiras do país.Tornou-se então numa lenda do grande patriota português – o "rei dormente" (ou um Messias) que iria regressar para ajudar Portugal nas suas horas mais sombrias, uma imagem semelhante à que o Rei Artur tem em Inglaterra ou Frederico Barbarossa na Alemanha

Em 1582, Filipe I de Portugal mandou transladar para o Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, um corpo que alegava ser o do rei desaparecido, na esperança de acabar com o sebastianismo, o que não resultou, nem se pôde comprovar ser o corpo realmente o de Sebastião I. O Túmulo de Mármore, que repousa sobre dois elefantes, pode ainda hoje ser observado em Lisboa."

Base: História de Portugal e Wikipédia


História da Villa de Monsaraz e de suas Gentes de outrora - 1648 Guerras da Restauração


Através desta carta de 4 de Novembro de 1648, o Governador da Província do Alentejo, conta ao Rei D. João IV " O Restaurador" o confronto entre os portugueses e castelhanos junto a Monsaraz, conforme já aqui foi publicado!
"Carta [284]. Sobre um debate que tiveram os nossos com os inimigos junto a Monsaraz"
📷 Documento simples Nível de descrição
PT/TT/MSLIV/0610/00469 Código de referência
Formal Tipo de título
Datas descritivas
1 doc.; papel Dimensão e suporte
Cópia de carta escrita em 4 de Novembro de 1648. e conteúdo
Manuscritos da Livraria, n.º 610 (469)Cota atual
Português Idioma e escrita
Arquivo Nacional da Torre do Tombo
História da Villa de Monsaraz e de suas Gentes de outrora
Através deste requerimento do capitão José Francisco da Gama Lobo Pimentel Abreu Guião, concluímos que, a Villa de Monsaraz no ano de 1832
(ou seja, durante a Guerra Civil Portuguesa, também conhecida como Guerras Liberais, Guerra Miguelista ou Guerra dos Dois Irmãos, sendo uma guerra civil travada em Portugal entre os liberais constitucionalistas e os absolutistas sobre a sucessão real, que durou de 1828 a 1834l) era uma Praça importante, uma vez que, aquartelava um batalhão de voluntários realistas!

Requerimento de José Francisco da Gama Lobo Pimentel Abreu Guião, capitão da 2.ª Companhia do batalhão de Voluntários Realistas de Monsaraz, solicitando a mercê de uma comenda do hábito da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa

📷 Documento composto Nível de descrição
PT/TT/MR/EXP/051/0150/00019 Código de referência
1832 📷 a 📷Datas de produção
1 proc.; papel Dimensão e suporte
Ministério do Reino, mç. 794, proc. 19 Cota atual
Português Idioma e escrita
Arquivo Nacional da Torre do Tombo

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