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sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

O BUNDA E A LEBRE DA RUA DIREITA

 

O Bunda e a lebre da rua Direita




 Ao falar de vizinhos apenas com uma casa de permeio morava o meu amigo Bunda, bom homem com quem mantive e mantenho uma óptima relação de amizade. Era mais uma noite de Agosto de um calor insuportável em que a única forma de amenizá-lo era abrir as portas, não só para tornar o serão mais aprazível mas também para que as casas refrescassem um pouco para o dia seguinte, não querendo perder pitada da televisão estava o Bunda e a família, ti Rosa sua esposa e os filhos Domingos José, Francisco, e José Domingos na sala de entrada, que normalmente neste tipo de habitações alentejanas é também sala de estar. Na televisão o José Mestre Baptista toureava já o segundo toiro, da corrida do campo pequeno, a falta de nitidez do velhinho aparelho era notória queixava-se insistentemente a ti Rosa ó Tonho és sempre a mesma coisa estou farta de te dizer para ires acima do telhado arranjar a antena e tu nada, agora, está a dar a tourada e isto só se vê esta chuva, o Bunda fazia ouvidos de mercador. Apesar de tudo isto, a atenção era redobrada, apenas o José Domingos havia adormecido no camalho, as portas estavam abertas de par em par e para que os mosquitos não entrassem a única luz existente era a da televisão, a duzentos metros mais acima mais ou menos junto á porta do Lumumba acabava de chegar um casal de turistas de meia idade e que, supostamente, haviam morto uma lebre na estrada que se apressaram a tirar do porta bagagens, para estupefacção de ambos assim que o abriram a lebre ó pernas para que te quero e de um salto em escassos segundos já corria rua abaixo, completamente desorientada corria agora na direcção do castelo, a perseguição era feita não só pelo casal mas também por muita outra gente que aquela hora estava sentada na rua ao fresco, a estupefácção era geral, até um pachorrento cachorro que dormitava junto ao pelourinho não quis acreditar no que os seus olhos viam e não demonstrou o menor interesse de correr atrás dela, até que não se sabendo bem porquê resolveu a dita lebre entrar portas dentro para a casa do Bunda, imagine-se o espanto e confusão a perseguição era agora feita entre mesas e cadeiras e apenas com a luz que emanava da televisão. Não me recordo como terminou este episódio mas suponho que nada bem para a lebre.

"Texto e foto Isidro Pinto"

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