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terça-feira, 31 de março de 2020

AS TRADIÇÕES DE ANTIGAMENTE A PÁSCOA





VAMOS RECORDAR TRADIÇÕES.
A Páscoa 
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Talvez alguns de nós ainda se lembrem, como era vivida nomeadamente a Segunda Feira de Páscoa, dia de grandes arraiais onde as famílias e amigos se descolavam para locais pré determinados e que na sua grande maioria muito diferem dos de hoje e onde se viviam enormes arraiais onde não faltavam os toques de concertina e os respetivos bailaricos, assim como as barraquinhas e carroças de comes e bebes, ir comer o folar da páscoa ou a pintainha como muitos de nós miúdos dizia-mos, faziam de este dia para a época um dia muito especial.


Não vão muito longe os tempos em que as dificuldades de transporte limitavam a mobilidade das pessoas fazendo assim que esses locais de confraternização fossem por inerência das condicionantes muito mais perto dos seu locais de residência, por essa razão queremos hoje relembrar aqui alguns lugares emblemáticos da nossa freguesia onde se viveram enormes arraiais como é o caso do Alto de S Bento, que concentrava grande parte da população de Monsaraz e Arrabalde, e do Convento da Orada que pela sua localização e facilidade de acesso trazia até aqui gente de toda a freguesia, muito vagamente ainda me recordo, de ver todo esse enorme largo cheio de carroças e churriões e das respetivas barraquinhas de comes e bebes. 

Com o aparecimento e posterior vulgarização dos transportes motorizados, tudo isso se foi alterando, e já na década de setenta um dos locais mais em moda principalmente para nós jovens dessa época passou a ser a zona circundante á Ermida de S. Pedro dos Olivais já no concelho de Mourão. È BOM RECORDAR AS NOSSAS TRADIÇÕES

"Texto e foto Isidro Pinto"








               










segunda-feira, 23 de março de 2020

O SERRANO E AS SEMENTES DE MANJERICO

O SERRANO E AS SEMENTES DE MANJERICO


Monsaraz tinha á época duas Tabernas o Bragança (posterior Alcaide) e o Pintassilgo (posterior Lumumba) sendo que a maioria dos Montesarenses salvo raríssimas exceções eram clientes de ambos, as tabernas do ponto de vista social desempenhavam um papel importantíssimo não só em Monsaraz mas em todas as aldeias, eram um elo de ligação e socialização entre as pessoas nomeadamente a população masculina, era um hábito enraizado vir do trabalho e passar pela taberna, daí o termo de vinho do trabalho e que não raras as vezes descambava em cante Alentejano. O Outono mostrava-se prometedor para semear os quintais, já havia chovido e com as terras ainda quentes era rápida a germinação, lembrou-se disso nesse dia o Serrano e entre um copo e outro copo disse ao Bragança, ó Bragança !!! Eu ando a trabalhar no Barrocal e não posso ir a Reguengos tu vais lá tanta vez devias trazer-me umas sementes de espinafre, parece que há agora uns modernos de folha larga e lá deves arranjar, ó Caeiro está descansado !!! Dizia o Ti Bragança, o dia que lá for já te as trago. Passado alguns dias e estando o Caeiro Serrano na taberna lembrou-se o Bragança da encomenda e disse !! olha Caeiro já fui a Reguengos e tenho aí as sementes dos espinafres que me pediste. Podes-me as dar já, que amanhã é Domingo e tenho vagar para os semear respondia o Serrano, tirou o Bragança debaixo do balcão um pequeno cartucho de papel pardo cheio de sementes que entregou ao Serrano, movido pela natural curiosidade desdobrou um pouco o cartucho e palpou as sementes exclamando !!! e pá estes espinafres da folha larga têm umas sementes esquisitas !!!, logo se apressou o Bragança a responder, então não foi desses que me pediste ? sim, sim, respondeu o Serrano, logo algum engraçadinho ao balcão ironizava, este ano com esses da folha larga até o Burro vai comer espinafres. O tempo foi passando sem que ninguém mais voltasse a falar dos espinafres, até ao dia em que o Serrano devidamente acomodados dentro de um cesto o encheu de manjericos e saiu Monsaraz fora vendendo manjericos. O Bragança TINHA-O ENGANADO COM AS SEMENTES, E EM VEZ DE ESPINAFRES NASCERAM MANGERICOS, não deu o nosso homem parte de fraco e lá foi tentando vender a mercadoria apregoando, MANGERICOS DO ARRABALDE, CRIADOS NA GRAÇA DE DEUS e Como Deus por vezes escreve direito por linhas tortas logo lhe sai ao caminho a Tia Margarida Bragança, Ti Caeiro !! Ti Caeiro !! então a como são os manjericos ? Acordado o preço e com um sorriso contido mas interiormente de orelha a orelha lá consumou o negócio. Parte da vingança estava cumprida, saiu de ali completando o pregão, MANGERICOS DO ARRABALDE / CRIADOS NA GRAÇA DE DEUS / PENSAVAS TU BRAGANÇA / QUE ERAS MAIS ESPERTO QUE EU. Mas não ficaria por aí. Com o Verão a aproximar-se e começando a ser tempo de semear o feijão de meloal (vulgo feijão frade) comentava o Bragança que tinha que trazer de Reguengos feijão-frade para semear, logo se apreçou o Serrano, que nesse dia estava com as delicadezas e respondeu Ó João José Bragança, não precisas, eu já semeei o meu e sobrou-me algum, quando me lembrar já te o trago para cima, e assim aconteceu. Com o tempo de sementeira quase a esgotar-se e os calores estivais a chegarem, queixava-se o Bragança que havia semeado e ressemeado várias vezes o feijão e este não nascia, SORRIA MALICIOSAMENTE O SERRANO, JÁ QUE LHE HAVIA DADO UMA MUITA LIGEIRA FERVURA, PARA LHE TIRAR A CAPACIDADE DE GERMINAÇÃO. A vingança estava cumprida, ainda hoje quando alguém lhe corre mal os labores agrícolas se usa a expressão ELE OU ELA É COMO O SERRANO, SEMEIA ESPINAFRES NASCEM MANGERICOS. Que saudades desse Monsaraz.


"Texto de Isidro Pinto"



quarta-feira, 4 de março de 2020

A TRADIÇÃO E A CULTURA DE MONSARZ


A TRADIÇÃO E A CULTURA DE MONSARAZ





A tradição sempre fez parte da cultura e da história da nossa terra, das nossas gentes. Monsaraz têm uma enorme devoção pelo seu Santo Padroeiro: Senhor Jesus dos Passos. Todos os anos, no segundo fim de semana de Setembro realiza as Festas em Honra do seu Santo Padroeiro. Estas Festas são seculares e recheadas de tradições muito antigas. Para além do Leilão de Fogaças, aos Domingos vinha sempre um Rancho Folclórico e terminava-se com a atuação do Grupo Coral da Casa do Povo de Monsaraz, e à segunda feira os bailes com o Mário Caeiro (os melhores bailes de que tenho memória sem dúvida). Para minha e nossa memória, o Grupo Coral da Casa do Povo de Monsaraz, terminava as suas atuações com uma moda, que rezava assim:
"Vamos deixar esta gente
Que tão bem nos recebeu
Temos pena que os deixemos
Vomos lhe a dizer adeus

Vomos lhe a dizer adeus
Já chegou à nossa hora
Passem bem e todos os seus
Desculpem vamos embora
Desculpem vamos embora
É com pena que os deixemos
Vamos deixà-los agora
Mas um dia voltaremos.

Viemos aqui cantar
Chegamos em boa hora
Temos pena de os deixar
Desculpem vamos embora."



Foto: Isidro Pinto (Casa do Cante).
Texto: Francisco Pereira.