Este blog têm por objetivo, divulgar e preservar a cultura, história, lendas e tradições de Monsaraz e suas gentes.
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domingo, 26 de julho de 2020
sexta-feira, 24 de julho de 2020
VACA BRAVA NO FERRAGUDO
VACA BRAVA NO FERRAGUDO
Gostaria de dedicar este pequeno episódio ao nosso amigo Armando Oliveira infelizmente já desaparecido, e dizer-lhe que não contei a estória que ele queria que eu contasse, mas que contei esta, e contarei muitas outras onde ele também foi protagonista, que descanses em paz Armando.
“Fotos e texto: Isidro Pinto”
A LENDA DA FIDALGA FÁTIMA MARTINS DA VILA DE MONSARAZ.
A Casa de Bragança, donatária da Vila, fazia-se representada por uma embaixada constituída por altas individualidades do clero e da nobreza. Nesta procissão, os romeiros pobres, do povo, seguiam na retaguarda, mas com muita devoção por Santa Maria.
Depois da procissão, toda a gente ia passear pela Feira, a fidalguia continuavam em desfile a mostrar os seus lindos trajes, e a ver e comprar as novidade anunciadas, desde os produtos vindos das terras do Oriente, licores de especiarias e de frutos orientais, perfumes, sedas, porcelanas e especiarias e outros produtos vindos das terras de Espanha e de Marrocos, nunca se tinham visto tantos mercadores, artistas de rua e saltibancos nesta Feira, como nesse ano, sendo do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil quinhentos e vinte anos.
Um pequeno grupo de fidalgos amigos e familiares, iam passeando pela Feira e passaram junto de uma tenda onde vendiam produtos orientais, sendo atraídos pelo pregão do mercador, afirmando que, quem bebesse o seu licor de especiarias do oriente ia conhecer o Paraíso! Os fidalgos acharam graça, aproximaram-se da tenda e pediram um copo de licor para cada um, sempre em grande galhofa sobre a sua ida ao Paraíso.
Quando estavam a degustar o famoso licor, um dos fidalgos, chamado Rodrigo Botelho, levantou os olhos e reparou numa linda donzela que ia passando com a Família, a qual lhe emprestou um sorriso que o trespassou de lés a lés! O fidalgo, ficou desorientado, pousou o copo do licor e exclamou em voz alta:
- Oh meu Deus! Eu estou no Paraíso!
Os companheiros continuavam na degustação e como ainda não tinham chegado ao Paraíso, ficaram intrigados e exclamaram em coro:
- Eh Rodrigo, como é que chegaste tão depressa ao Paraíso?
O fidalgo Rodrigo Botelho não respondeu, virou as costas e seguiu pela Feira, na mesma direção seguida pela donzela e pela família.
O fidalgo Eduardo Reis, correspondeu ao cumprimento do mesmo modo, visto ser uma Família das suas amizades e, apressou-se a apresentar o primo Rodrigo Botelho ao fidalgo Rui Martins e a toda a Família, começou pela esposa do fidalgo e passou pelas duas filhas mais velhas até chegar à terceira filha que foi apresentada como sendo Fátima Martins, da qual, Rodrigo Botelho não tirou os olhos enquanto, durou a conversa.
Quando fizeram as despedidas, o fidalgo Rui Martins, disse-lhe que esperava por eles em sua casa no dia seguinte, porque tinham assuntos a tratar sobre os interesses da Casa de Bragança, era por isso que estava ali o fidalgo Rodrigo Botelho, e acrescentou: - Conto convosco para o jantar (almoço).
Rodrigo Botelho, não cabia em si de contente, como era possível em poucos minutos a sua vida ter dado aquela volta, tinha encontrado ali a mulher da sua vida, só podia ser efeito do licor das especiarias que, na verdade o levou ao Paraíso, era onde ele se sentia naquele momento, porém, o primo Eduardo não perdeu tempo a resfriar-lhe a cabeça e disse-lhe que reparou na troca de olhares entre ele e a fidalga Fátima Martins, mas ela já estava comprometida e não havia nada a fazer, porque o seu pai era homem de honra e nunca voltaria com a palavra atrás, porque seria uma desonra, portanto, estava fora de questão o seu envolvimento com a fidalga.
No dia seguinte, era quinta-feira 16 de Agosto, os fidalgos Rodrigo Botelho e seu primo Eduardo, apresentaram-se na casa do fidalgo Rui Martins, para dar cumprimento à sua missão, ou seja, verificar as contas das Sisas e de outros interesses do Duque de Bragança, almoçaram em família e, a paixão entre Rodrigo e Fátima ficou reforçada.
O fidalgo Diogo Dias era motivo de chacota nas terras de Monsaraz, pelo que, foi incentivado pelos amigos e familiares a ir falar com o pai de Fátima e exigir que ele a pusesse na linha! Assim, Diogo Dias, apresentou-se na casa de Rui Martins, a pedir-lhe que remediasse a situação, para ter mão na filha, porque havia muito falatório que ofendia a sua honra e achava que era melhor marcar o casamento o mais depressa possível!
O fidalgo Diogo Dias, saiu da casa de Rui Martins muito aliviado, convencido que a situação ia mudar, mas não mudou nada e, ele cada vez era mais humilhado, até que,
decidiu ter uma conversa com o fidalgo Rodrigo Botelho, para o confrontar sobre as intenções que ele tinha em relação à fidalga Fátima Martins e pediu-lhe para se afastar para bem longe dela! A conversa começou bem, mas depressa se encaminhou para ameaças físicas, acabando por Rodrigo Botelho ser convidado para um duelo em defesa da honra da fidalga!
Rodrigo Botelho, não respondeu, mas perante as provocações de Diogo Dias em público, não foi possível recusar, mas propôs que seria com regras muito apertadas, não podia haver mortes e aquele que fizesse aparecer uma só gota de sangue que fosse, no outro, era o vencedor!
Diogo Dias começou por recusar essas regras, mas por fim aceitou por pressão dos amigos de ambos que assistiam à proposta, porque um duelo era legal, mas não era visto com bons olhos pela sociedade aristocrata de então! Cada um escolheu os seus dois padrinho e por sugestão destes nomearam Juiz um homem neutro, muito honrado e com alguma experiência nesta matéria!
Os padrinhos do duelo e o juiz, escolheram o dia, a hora e o lugar secreto, onde seria o duelo e marcaram para daí a um mês no Olival da Pêga.
A partir daquele dia, começaram os treinos secretos com mestres da espada e do florete, ambos os fidalgos eram muito bons nestas duas armas com as quais treinavam desde crianças e embora a família soubesse da realização desse acontecimento, não estavam muito preocupados, porque tinha havido juras que nunca daria em morte.
A data e o lugar do duelo eram secretos, mas toda a gente sabia, assim, no dia do duelo a partir da meia noite os bons lugares, atrás e em cima das velhas oliveiras do Olival da Pêga, já estavam todos ocupados.
Ao raiar da aurora chegaram os duelistas, os padrinhos e o Juiz, tiveram uma longa conversa entre todos, lembrando-lhe o respeito de todas as regras, conforme constavam no contrato que tinham ambos assinado, onde estava explícito que o vencido afastava-se para sempre da fidalga Fátima Martins! Depois foram concedidos alguns minutos para aquecimento até o sol fornecer luz suficiente para se dar inicio ao duelo.
Assim que o Juiz deu voz, começou o duelo, com tudo bem calculado, nenhum queria perder a fidalga Fátima Martins, a donzela mais linda de Monsaraz, mas foi aquecendo e ganhando intensidade, sempre com golpes de muita mestria no ataque e na defesa, para entusiasmo dos assistentes nas oliveiras!
Os duelistas, já mostravam cansaço e nada se decidia, foi Diogo Dias que decidiu atacar sem tréguas, começou a aplicar golpes muito perigosos que podiam ser fatais para Rodrigo Botelho, pondo em causa a segurança que ambos tinham concordado ter em conta, mas ao mesmo tempo, também se tornava perigoso para ele, porque ficava mais desprotegido! Rodrigo Botelho, tinha muita experiência e conhecia esses golpes, conseguiu fugir-lhe e aproveitando um descuido de Diogo Dias fez-lhe um golpe profundo no braço esquerdo que, começou imediatamente a jorrar sangue em abundância!
Pelas regras acordadas, o duelo devia terminar ali e Rodrigo Botelho seria o vencedor, mas Diogo Dias perdeu a cabeça e não se conteve, apesar da ordem do Juiz para parar, mas não o fez.
Rodrigo Botelho, deixou de atacar, só se defendia e foi recuando até junto à Anta do Olival da Pêga, não podia recuar mais, quando Diogo Dias lhe apontou a espada ao peito, deixou-se cair para trás e antes de ele cair sobre ele, pôs-lhe os pés na barriga e fê-lo saltar a cerca de dois metros a dois metros de altura, ficando a espada espetada no chão, a poucos centimetros do seu pescoço e Diogo Dias foi cair desamparado em cima das pedras da dita Anta, ficando inconsciente, sendo levado em braços pelos seus padrinhos até à sua carruagem e depois para casa, onde foi tratado dos ferimentos por um Físico, mas nunca mais ficou bem da cabeça, ingressando, mais tarde num Convento em Évora.
A fidalga Fátima Martins, sabia da realização do duelo e o que estava em causa, por isso, rezou aos seus Santos protetores, para que nada de mal acontecesse ao Rodrigo, uma vez que, não tinha confiança em Diogo Dias, quanto ao cumprimento das regras.
Devido ao contrato antes assinado entre os duelistas, a fidalga Fátima Martins ficou livre do compromisso com Diogo Dias que, ela odiava, mas em caso de ele ganhar o duelo, tinha de casar com ele, por isso, foi grande alívio para ela e para a sua Família!
Passados alguns dias, o fidalgo Rodrigo Botelho foi pedir a mão de Fátima Martins ao pai e tornou-se, oficialmente sua noiva, realizando-se o seu casamento na Igreja de Nossa Senhora da Lagoa, sendo no ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil quinhentos e vinte e dois anos, sendo aos 29 dias do mês de Setembro do dito ano.
A fidalga Fátima Martins amava muito Rodrigo Botelho, mas também amava a sua Vila de Monsaraz, onde era muito feliz, sendo seu desejo de ali ficarem para sempre e, assim foi!
Como Rodrigo Botelho era escudeiro da Casa de Bragança, de linhagem, bastou pedir ao Duque D. Jaime, para ficar a tratar dos seus interesses no Termo de Monsaraz e foi-lhe logo concedido, pelo que, ficaram a residir numa grande casa senhorial na Rua Direita, tiveram cinco filhos, duas filhas e três filhos, os quais organizaram as suas vidas no Termo de Monsaraz e de Portel.
Os fidalgos Rodrigo Botelho e Fátima Martins, estão sepultados na Igreja de Nossa Senhora da Lagoa na Vila de Monsaraz. Bem Hajam.
Autor do texto: Correia Manuel
Fim

segunda-feira, 6 de julho de 2020
MONSARAZ POEMA
MONSARAZ
Tem a forma de um navio
ou de traineira reluzente
é pérola para todo o mundo
é berço de muita gente.
É uma das maravilhas
em concurso foi eleita
em festas e romarias
já vai ficando atreita.
É pintada por pintores
de poetas inspiração
é terra pulsante em cores
que transporto no coração.
É Vila Medieval Alentejana
de cor branca caiada
o sopé beijado por Alqueva
de Monsaraz é chamada
"Autora: Gertrudes Fernandes"
Todos os direitos reservados á autora