Pesquisar neste blogue

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

PRESEPIO DE RUA EM MONSARAZ









PRESÉPIO DE RUA EM MONSARAZ....................É já uma referência da época Natalícia o presépio de rua em Monsaraz que todos os anos continua a atrair milhares de turistas . Composto por 50 figuras em tamanho real  da autoria da escultora Teresa Martins.

Presépio de rua em Monsaraz
Do passado que e presente 
Vai brilhar, de novo, a luz...
Pra mostrar, humildemente,
O renascer de Jesus

Pelas ruas do castelo
Há figuras em cortejo...
Como e simples....Como e belo,
O presépio que aqui vejo,

Na calma que nos enleia
Dentro de ti, Monsaraz!
Sentimos nossa alma cheia
Desse teu sopro de paz!

Parece que, dos espaço,
Magia desceu,agora...
Pra guiar os nossos passos
Por esses tempos de outrora.

Seguem reis do Oriente...
Uma estrela os vai guiar...
O povo já segue a frente,
Pra deus-menino adorar.

O tempo que tem memória,
O passado nunca esquece...
E o Natal e sempre a história
Que nos prende e desvanece!
E, aqui em Monsaraz,
No brilho de cada esquina...
O mensageiro..da paz.
Renova sua doutrina 

" Autor desconhecido"













































Tita Martinho





quinta-feira, 21 de novembro de 2019

A LENDA DA IGREJA DE SANTA MARIA DA LAGOA




A LENDA DA IGREJA DE SANTA MARIA DA LAGOA


No riquíssimo acervo documental do saudoso José Pires Gonçalves, médico e distinto historiador do nosso concelho, encontramos uma curiosa lenda sobre a fundação da igreja de Nossa Senhora da Lagoa em Monsaraz. Reza assim a lenda:
“Noite fria de inverno. Ardia lenha nas lareiras e a geada caía nos campos. Junto da chaminé de uma casa humilde e enquanto o azinho crepita e a esteva perfuma a atmosfera dois velhinhos, brancos dos anos e do trabalho, preparam a ceia. Subitamente, do alto da chaminé, começam a cair, uns após outros, pedaços de carne ensanguentada que ao tocarem a lareira se vão reunindo para logo a seguir tomarem a forma de um toiro, a que não falta vida nem bravura. Apavorados, os dois velhos, julgando ter na frente o demónio em figura de toiro correm a refugiar-se no terreiro que ficava próximo implorando em altos gritos a proteção divina e prometendo edificar ali mesmo, no alto de Monsaraz, uma igreja votada a Nossa Senhora se saíssem salvos daquela aventura. Com tal fervor e humildade apelaram os dois velhos para o poder divino que logo entre eles e o boi se formou profunda e extensa lagoa, de águas alterosas como as ondas do mar, que amedrontaram o demónio e o obrigaram a afastar-se. Passado o perigo retiraram-se as águas e ali mesmo foi, pelos dois velhos, mandada edificar a Igreja de Nossa Senhora da LAGOA”.

"Texto e foto de Francisco Pereira" para Monsaraz a Caminhar

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

QUERIDO ALENTEJO




QUERIDO ALENTEJO


Meu Alentejo querido
A fina flor de Portugal
Foste por Deus benzido
Um celeiro sem igual

Lindas paisagens Deus te criou
Terras férteis para cultivar
O homem no campo te amou
As tuas searas todos vão deleitar.

À sombra dos teus sobreiros
Descansam os teus pastores
Terra de muitos celeiros
Campos cultivados por agricultores.


És terra dourada
Cheia de louvores
Por nós idolatrada
Terra de grandes amores



"Texto de Francisco Pereira foto de Isidro Pinto" para Monsaraz a Caminhar

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

ARRABALDE DE MONSARAZ


Arrabalde de Monsaraz minha aldeia
Que tens muito que contar
Desde o ti Serrano ao ti Zé Ferreira
Figuras históricas que te colocaram a falar.
Foste construído na periferia de Monsaraz
Albergas muitas tradições
Fazer parte de ti, muito me apraz
Estarás sempre em nossos corações.
Ao alto tens a Igreja de S.Bento
Monumento antigo e altaneiro
Situado ao alto e ao vento
Dedicado ao nosso Padroeiro.
Sítio de mil encantos
Por nós sempre adorado
Tens bonitos recantos
És por Deus abençoado.
Aldeia maravilhosa
Com paisagens que aos olhos nunca encerra
Aldeia sempre vistosa
Arrabalde és minha terra.

"Texto e foto Francisco Pereira" para Monsaraz a Caminhar

ERMIDA DE SÃO BENTO ARRABALDE

Ermida de São Bento ARRABALDE 






Estabelecida no arrabalde da vila, esta capela, fundada nos finais do século XVI, com os donativos dos moradores de Monsaraz com o propósito de servir as festas religiosas e os cultos dominicais, foi aglomerada no perímetro abaluartado seiscentista.
De estrutura simples e retangular, divide-se em dois planos distintos, que correspondem à nave e à capela-mor, contando, ainda, com uma sacristia adjacente a estes dois corpos. A nave era coberta por abóboda de berço e a capela-mor era revestida por cúpula, que se encontrava decorada com pintura mural, realizada em 1629, com símbolos do padroeiro: a mitra, o cálice, o báculo e a cruz de Aviz.
​A fachada principal encontra-se dividida em dois assentamentos, estando ladeada por contrafortes. No primeiro foi rasgado o portal, de moldura retangular, contornado por duas janelas do mesmo formato. O conjunto é finalizado por um frontão triangular, rasgado ao centro da luneta.

" fotos retiradas do blog Monsaraz e texto de Francisco Pereira" para Mpnsaraz a Caminhar


quinta-feira, 7 de novembro de 2019

A LENDA DO TESOURO REAL ESCONDIDO EM MONSARAZ


História, lendas e tradições da Villa de Monsaraz


A lenda do tesouro real, escondido na Villa de Monsaraz

A Vila de Monsaraz foi conquistada aos mouros por Geraldo Sem Pavor, no ano de 1167, sem dificuldade, devido à sua tática de surpresa, neste caso, foi escolhida uma noite de invernia, de chuva torrencial e de escuridão, encostaram as suas célebres escadas às muralhas, subiram sorrateiramente e, eliminaram as sentinelas que, não conseguiram dar o alerta! Depois, abriram as portas, permitindo a livre entrada  dos homens de armas e a fortaleza foi tomada! Porém, as tropas do Califa de Córdova vieram em auxílio dos Almóadas e, reconquistaram todas as terras do vale do rio Guadiana, incluindo a Vila de Monsaraz e, só em 1232 D. Sancho II, com a ajuda dos cavaleiros da Ordem do Templo, também designados Templários,  reconquistou, definitivamente estas terras!

O domínio do rei Almóada Muzaffar sobre Badajoz, capital do seu reino, terminou, definitivamente com a tomada desta fortaleza pelo rei Afonso IX de Leão, em 19 de Março de 1230, obrigando à fuga do rei e sua Corte para o Castelo de Mira Flores na Vila de Alconchel!

A Corte do rei Muzaffar ficou residente neste Castelo cerca de um ano, quando começaram a surgir ameaças na região com a aproximação dos seus inimigos o rei reuniu o Conselho de Guerra para fazer a avaliação da defesa e delinear estratégias de ataque contra os portugueses e castelhanos, no sentido de reconquistar as suas terras, mas face às notícias que chegavam, concluíram que, podia haver um cerco ao Castelo de Miraflores, onde não conseguiam aguentar mais de um mês sem rendição e, sabiam que era necessário mais do que esse tempo até à chegada de reforços do Califado de Córdova!

Após a avaliação das fortalezas da região que, ainda lhe restavam, o rei Muzaffar deixou cair os braços desanimado, porque nenhuma oferecia as condições necessárias! Porém, naquele momento, um dos seus mestres de guerra, pediu licença para falar, levantou os olhos, estendeu o braço direito e, com o dedo indicador apontado disse:

- Rei meu senhor, está na nossa frente, a única fortaleza da região que, abastecida de água e mantimentos, pode suportar um cerco o tempo suficiente até à chegada do auxílio de Cordova!

O rei ficou surpreendido, virou-se e fitou os olhos nas alturas de Monsaraz, entretanto, já os seus mestres de guerra abanavam a cabeça em sinal afirmativo! O rei compreendeu que eles tinham razão e mandou preparar a Corte e as suas tropas para partirem no dia seguinte para a Vila de Monsaraz!

Como todos os reinos, também o do rei Muzaffar tinha o seu tesouro, constituído por muito dinheiro, em dirrãs, dinares de ouro, peças em ouro, pratas, jóias e pedras preciosas que, em caso de fuga, como esta, os acompanhava, bem guardado por homens da sua confiança, os chamados guadiões do tesouro do reino, que davam a sua vida não só pela família real, mas também por aquele tesouro!

A Corte do rei Muzaffar do reino mouro de Badajoz, estava instalada na airosa Vila de Monsaraz, onde a Família Real passava o tempo muito serenamente! As notícias que chegavam sobre as tropas portuguesas não constituíam ameaça, diziam que, eram constituídas por poucos homens e mal preparados e, as castelhanas mais temidas, andavam em combates na mata de Montiel em Toledo, muito longe da Vila de  Monsaraz, entretanto, o rei Muzaffar continuava a reforçar as suas tropas com homens do seu exército que, tinham andado perdidos na região e que conseguiam chegar a Monsaraz, acalentando a esperança de se lançar na reconquista de algumas fortalezas que estavam na posse do rei português D. Sancho II, como Elvas, Olivença, Juromenha e outras, depois, talvez a ex capital do reino, a sua saudosa, Badajoz!

No Domingo, dia 29 de Agosto de 1232, decorria mais uma grandiosa festa na Corte em Monsaraz, quando chegou um cavaleiro, espião do rei Muzaffar a informar que, o exército português tinha sido reforçado com centenas de cavaleiros da Ordem do Templo, monges guerreiros muito temidos pelos mouros, devido à sua bravura e ao uso de novas estratégias de combate, com catapultas, com as quais desmoronavam qualquer muralha, lançando grandes pedras e, tudo o que pudesse infetar e aniquilar os sitiados, não havendo praça que suportasse o seu cerco por muitos meses, eram considerados invenciveis!

O rei Muzaffar mandou terminar a festa e convocou o Conselho de guerra! Quando o espião, cavaleiro mouro, explicou como estavam a ser reforçadas as tropas portuguesas, ficaram aterrorizados e decidiram escolher seis bons cavaleiros e os melhores ginetes para irem, imediatamente a Córdova pedir auxílio ao Califa, cedendo-lhe tudo o que ele exigisse, em troca da sua ajuda no combate aos inimigos, cristãos!

O Regimento de D. Sancho II, saiu de Elvas recebendo companhias de outras praças da raia, desceram pela linha do rio Guadiana, aumentando as hostes à medida que desciam, incluindo a cavalaria dos Templários e de outras Ordens militares!

Assim que, as tropas portuguesas iniciaram a sua movimentação, o rei Muzaffar foi logo informado sobre a sua força, por onde seguiam, a sua direção, o número aproximado de cavalos, de homens, como estavam armados, que apoios tinham em termos de mantimentos, de todos os pormenores!

O rei Muzaffar tinha os seus espiões no terreno, junto das tropas portuguesas, alguns disfarçados de almocreves e, todos diziam que, o destino dos portugueses era, sem dúvidas, a Villa de Monsaraz, então, o rei mandou que viessem os melhores guerreiros das praças de Mourão, Noudar, Moura e Serpa, deixando aquelas fortalezas vulneráveis a um eventual ataque dos portugueses, mas faziam falta para defender Monsaraz, depois de derrotar os portugueses logo voltariam aos seus postos, mandaram abrir trincheiras, covas de lobo e reforçar as muralhas, abasteceram a Vila de água da Fonte do Telheiro, de mantimentos e de tudo o que pudesse servir de defesa, porém, o exército de D. Sancho II que seguia na direção de Monsaraz passou ao lado, sem mostrar nenhum interesse por esta fortaleza!

O rei Muzaffar e seus mestres de guerra, ficaram irritados, porque pensaram ser uma manobra de diversão do rei português para os tentar enganar, achavam-se muito espertos e, decerto, queriam dar a entender que não estavam interessados em atacar Monsaraz, mas depois atacavam de  surpresa, mas desta vez, seriam surpreendidos, porque as tropas do rei Muzaffar estavam bem preparadas para os surpreender, em lugares estratégicos, bem armados, sobre ordens rigorosas de não sair dos seus lugares por motivo algum! Porém, todos os espiões que chegavam a Monsaraz davam a mesma informação, as tropas portuguesas estavam cada vez mais longe, mas isso não demovia o rei de alterar a estratégia que tinha planeado, porque estava convencido que era uma armadilha dos portugueses!

D. Sancho II, sabia das manobras do rei Muzaffar, quanto à sua estratégia de defesa da fortaleza de Monsaraz e que seria difícil ser auxiliado pelo Califado de Córdova ou outro qualquer reino mouro, uma vez que, os castelhanos lhe cortavam todos os caminhos, por isso, pensou enganá-lo, deixando esta praça para trás e, atacar, Noudar, Moura, Serpa e Mourão! Assim, o Regimento de D. Sancho II, incluindo as Ordens militares, rapidamente conquistaram estas praças que, ofereceram pouca resistência, uma vez que, os seus melhores guerreiros estavam em Monsaraz!

Quando o rei Muzaffar se apercebeu que tinha sido enganado pelos portugueses, já era tarde, como esperava o ataque à Vila de Monsaraz, já não foi a tempo de movimentar as suas tropas em auxílio daquelas praças!

Foi grande desânimo, ao mesmo tempo chegavam más notícias ao rei Muzaffar, em relação aos homens que tinha enviado a Córdova, os mesmos, não tinham lá chegado, tinham sido capturados pelos castelhanos, por isso, não havia esperança em receber auxílio daquele Califado!

Entretanto, as tropas portuguesas que, estavam pelas fortalezas de Serpa e Moura, preparavam-se para marchar sobre a Vila de Monsaraz, a qual, podia resistir alguns dias ou até meses, mas sem receber reforços, mais cedo ou mais tarde caía na posse dos cristãos que, decerto, não poupavam a vida do rei nem da família Real, então, em Conselho de guerra foi decidido que a Corte devia partir para o Reino do Al-Gharb Al-Àndalus, o único lugar seguro em todo o território do Al-Andaluz!

No Conselho de guerra, ainda foi colocada a hipótese de enfrentarem os Cristãos em campo aberto, nas margens do rio Guadiana, mas após a avaliação do Regimento do rei português e que, a todo o momento podia receber reforços, rapidamente concluiram que, era impossível, mas o rei não queria fugir para outro reino sem lutar, era cobardia, uma vergonha perante o rei mouro da cidade de al-Shilb (Silves),  onde tinham decidido ser o seu refúgio, por isso, o rei ainda esperou alguns dias na esperança que surgisse alguma alternativa de defesa!

Porém, passados alguns dias, o rei Muzaffar foi informado que, as hostes portuguesas, aproximavam-se da Villa de Monsaraz em grande força, sendo impossível fazer-lhe frente, por isso, foi decidido que o rei e a família Real tinham de fugir o mais brevemente possível!

Na Corte do rei Almóada, começaram os preparativos da partida e, secretamente na noite marcada desceram a ladeira de Monsaraz, em cavalos, mulas e burros, na direção da foz da Ribeira do Azevel no rio Guadiana, passaram para a outra margem e seguiram o mais afastados possível das praças ocupadas pelos portugueses, longe das tropas portuguesas, livres de embaraços, levando só o essencial, mas não puderam levar o tesouro real, era um grande risco, decidiram que ficava mais seguro escondido na Vila de Monsaraz e, quando reconquistassem estas terras, ali o tinham todo seu!

Na noite anterior à sua partida, o rei entregou o tesouro aos guardiões do mesmo, e disse-lhe que, o queria enterrado, bem fundo, no seguinte lugar: A partir da porta da Grande Mesquita, contavam cinquenta passos para o meio dia, desenhavam aí o Quarto Crescente, virado para Nascente, escavavam dentro um falso túmulo, depois, contavam mais cinquenta passos para Nascente, escavavam uma cova bem funda, metiam lá o tesouro e faziam uma muralha com dois metros de largura e três de altura, ligada à muralha da fortaleza, para dar a ideia que a sustentava e esta, ficava mesmo por cima do tesouro!

Depois da fuga do rei Muzaffar, a Vila de Monsaraz ficou defendida pelos seus mestres de guerra e suas tropas, bem armados e com ordens do rei de nunca se renderem aos portugueses, deixando a promessa que voltaria em seu auxílio ao comando de um grande exército, reconquistando todo o seu reino de Badajoz e todos seriam recompensados!

Na terça feira, dia 12 de Outubro de 1232, quando a noite começou a dar lugar ao dia, já a fortaleza de Monsaraz estava completamente cercada, havendo nas suas imediações, longe das flechas disparadas pelos Almóadas e das covas de lobo, grande movimentação de homens e animais, escolhendo as melhores posições de defesa e de ataque e os lugares para instalar as temíveis máquinas de guerra, constituídas por catapultas e outros instrumentos que serviam para o desmoronamento das muralhas!

A conquista da Vila de Monsaraz foi muito difícil, devido à sua situação geográfica e à resistência dos Almóadas que, combateram até à morte, sempre na esperança de ver chegar o seu rei à frente de um grande exército, como lhe tinha prometido, mas nos finais do mês de Novembro de 1232 os portugueses e as Ordens Militares, entraram triunfantes na fortaleza de Monsaraz!

Esta vitória, não teve o fim esperado, porque os portugueses foram enganados pelos Almóadas, o rei não estava na Vila de Monsaraz, nem o seu tesouro ao seu dispor, por isso, o saque foi muito fraco, apenas existiam os poucos haveres do pobre povo!

O rei Muzaffar e sua Corte, com algumas dificuldades, conseguiram chegar ao Reino do Al-Gharb Al-Àndalus, refugiaram-se em al Shilb, (Silves), onde, ele acabou os seus dias, aí faleceu dois anos antes da conquista desta praça forte em 1249, pelo português D. Paio Pires Correia!

Após a conquista, a Vila de Monsaraz ficou na posse da Ordem dos Templários, pairando sobre ela muita paz, por isso, os guardiões do tesouro, voltaram disfarçados de almocreves, a vender sal, mel, peixe seco e outros produtos do Al-Garb, com o olho no tesouro, a sua missão era saber se os portugueses o tinham descoberto, como também, das possibilidades de o recuperar! Alguns guardiões, com receio de serem aniquilados devido ás más notícias que levariam ao rei Musaffar, ficaram para sempre a residir em Monsaraz, sonhando com o desmoronamento da grande muralha e de poderem recuperar para eles o tesouro real, esquecendo a lealdade para com o seu rei!

A muralha que estava sobre o tesouro do rei Musaffar, foi destruída no momento da conquista da fortaleza, depois, quando as muralhas foram reconstruídas, os Templários interrogaram-se sobre o que fazia ali aquela muralha, não percebiam o motivo da sua implantação naquele lugar, mas todos foram unânimes em a mandar levantar, porque se ela ali estava, era porque fazia falta, decerto era muito importante em termos de defesa e, não estavam esquecidos de quanto tinha custado destruí-la com as catapultas, então, decidiram aumentá-la para o dobro da largura, mantendo a mesma altura!

Esta robusta muralha, ainda se encontra erguida na Vila de Monsaraz, sem ninguém perceber porque motivo foi edificada naquele lugar! Dizem que, apoia a outra muralha, mas também dizem que, é a outra muralha que apoia esta e, todos/as dizem que, se ela lá está, é porque faz lá falta!

Conforme a lenda, o tesouro do rei Muzaffar do reino Almóada de Badajoz, está escondido na Villa de Monsaraz, protegido por esta grande muralha.

Fim
"Texto e foto de Correia Manuel" para Monsaraz a Caminhar

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

A PEREIRINHA E O BALÃO DO S. SEBASTIÃO



A PEREIRINHA E O BALÃO DO S. SEBASTIÃO




O Telheiro durante toda a primeira metade do século XX e até á década de 60/70 era sem dúvida alguma, a mais próspera aldeia da freguesia, tendo como tal, umas festas anuais capazes de rivalizar, ou ate suplantar quaisquer outras festas.
Tendo como padroeiro o S. Sebastião, sempre se realizavam a 20 de janeiro, não obstante ser inverno, sempre juntavam muita gente, quer vindas de outras aldeias da freguesia quer de freguesias vizinhas.
Tal como á época era hábito, também no Telheiro o culminar do fogo-de-artifício se fazia com o lançamento do balão.
Nessa época e que ninguém fique chocado, não havia luz elétrica nem agua canalizada, o que de alguma forma inviabilizava o ter casa de banho, ricos e pobres, todos tinham que fazer as suas necessidades fisiológicas no bacio (vulgo penico) ou, quando existia quintal, num local determinado deste, a que normalmente se chamava estrumeira, já que acumulava também outros detritos quer de animais, quer vegetais, ao ato de ir fazer as necessidades, utilizava-se muito o termo de IR-SE AGACHAR (ainda hoje essa expressão se utiliza muito entre as gentes mais velhas) e até nos trabalhos agrícolas, quando se dava por a falta de alguém e o manajeiro perguntava, logo os colegas diziam, a fulana ou o fulano foi-se agachar para detrás daquelas rochas, ou seja foi fazer as suas necessidades.
Nesse ano e a semelhança de todos os outros, corriam de feição as festas do Telheiro, que apesar de ser inverno não havia chovido permitindo assim, que todas as damas mostrassem os seus lindos vestidos e echarpes, e os homens os tradicionais capotes alentejanos onde apenas a gola definia os diferentes extratos sociais sendo as de raposa as da classe mais abastada.
Era sábado á noite e o leilão das fogaças, constituídas na sua grande maioria por enormes ramos de laranjas, oriundos das hortas da pega, tinha sido proveitoso.
Aproximava-se a hora do fogo-de-artifício e o respetivo lançamento do balão. O Telheiro não tinha propriamente um largo e era na ramificação das ruas, junto á casa dos Galegos que se fazia o arraial, muito próximo da casa onde onde vivia a ti Pereirinha e o marido Benvindo, como a noite já ia avançada e não sendo eles um casal de grandes festanças, á muito que se haviam recolhido.
Mais foguete menos foguete e era hora de lançar o balão, tarefa que nem sempre era bem-sucedida, sendo por isso momento de grande expectação, segura daqui levanta de ali e lá ia tudo ajudando a erguer o balão, enquanto o mestre fogueteiro, colocava a armação de arame que havia de levar a mexa que iria produzir o ar quente necessário para a subida, depois de um bom bocado ardendo com intensidade e á voz do fogueteiro LARGUEM todos largaram o balão, que velozmente subi-o empurrado pelos ventos fortes de poente, mas que depressa desapareceu, por entre os telhados circundantes, o que criou algum desnorte na assistência, correndo uns para baixo outros para cima, mas ninguém vislumbrava o balão, no meio de toda esta confusão surge de repente em roupas menores (combinação) a TI Pereirinha gritando AI QUEM ME ACODE!!! Logo a prioridade deixa de ser o balão e toda a gente se junta em volta da Pereirinha e esta continuava AI QUEM ME ACODE!!! Mas quem lhe acode o quê mulher? Gritavam alguns já impacientes, AI QUEM ME ACODE!!! Desembuche mulher, como quer que a gente lhe ajude se não passa disso, AI QUEM ME ACODE!!! ESTAVA AGACHADA no meu quintal, caiu lá um bocado do céu a arder FIQUEI TODA CHAMUSCADA!!! foi aí que alguns mais intrépidos, entraram portas dentro cujo enfiamento levava diretamente ao quintal, onde na referida estrumeira foram a encontrar o balão das festas a arder.
Episódios engraçados que fazem parte da história de uma comunidade
Obrigada Inácia Azevedo
"Texto de Isidro Pinto" para  Monsaraz a Caminhar

domingo, 27 de outubro de 2019

CAPELA DE SÃO JOÃO BAPTISTA



Capela de São João Baptista
(Cuba)




É o mais antigo monumento de Monsaraz (cuba muçulmana) sendo inicialmente um edifício fúnebre, ou um pequeno santuário muçulmano do domínio almóada (séc. XI-XII) que foi mais tarde cristianizado.
É um monumento cúbico, de planta quadrada e cúpula hemisférica de tijolos vermelhos, erigida sobre quatro trompas angulares de inspiração oriental. Numa face apresenta ainda vestígios de um arco de grande volta que poderia ter envolvido o arco em ferradura, primitiva porta de acesso antes da cristianização.
A presença árabe nesta zona, que outrora pertenceu ao reino mouro de Badajoz, encontra a sua expressão nesta cuba que só pode ter sido um santuário muçulmano ou um oratório erguido no recinto de um cemitério para recolher e guardar os despojos de um santarrão muçulmano.
A cuba de Monsaraz está erguida num antigo cemitério rupestre, que depois foi islamizado e logo após a Reconquista Cristã foi ritualmente purificado, convertido em igreja e consagrado ao culto cristão. A ermida que deu lugar ao santuário muçulmano ficou sob o orago de S. João Baptista, padroeiro dos Hospitalários e dos Templários.
Do seu interior destacam-se os murais de 1622 que mostram 20 representações de inspiração pós-manuelina.

"Texto e foto de Francisco Pereira" para Monsaraz a Caminhar







quinta-feira, 17 de outubro de 2019

IGREJA DE S. CRISTÓVÃO

IGREJA  De S. CRISTÓVÃO


  Na encosta sul de Monsaraz junto à ladeira da Barca encontram-se as ruínas da Igreja de S. Cristóvão. Obra modesta de arquitetura religiosa, feita de alvenaria xistosa com porta orientada a poente, numa clareira de azinheiras e oliveiras, não revela ter possuído alpendre ou sacristia.
 Em 1758 o Prior da Igreja de Santa Maria da Lagoa referia-se vagamente a esta Ermida, dizendo que estava para ali no meio dos olivais.
 Segundo o nosso conterrâneo  Manuel Godinho Mendes Gato na sua obra Monsaraz através dos séculos, diz que, sendo S. Cristóvão protetor dos viajantes, talvez ela se destinasse a consolar aqueles que se encaminhavam para a Barca, para travessia do Guadiana, único acesso às terras da margem esquerda e que aqui pediam proteção ao S. Cristóvão.  De difícil acesso, goza de uma situação privilegiada sobre aquilo que é hoje o Lago Alqueva, e de magnifica perspetiva sobre o Castelo de Monsaraz.  

 Monsaraz a Caminhar sempre na procura da nossa identidade histórica.   
                                            
"Fotos e texto. Isidro Pinto" para Monsaraz a Caminhar