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sábado, 20 de julho de 2019

O TI ZÉ ELIAS NAS FESTAS DE MONSARAZ



 O Ti Zé Elias  na festa do Sr. Jesus dos Passos

Animado pelas boas perspetivas de negócio, resolveu o TI ZÉ ELIAS um ano, ir passar as festas a Monsaraz já que naquela época se dizia que eram uma das maiores das redondezas, atraindo gente de vários concelhos e freguesias vizinhas tais como, Reguengos, Mourão, Alandroal, Capelins e muitas outras.  A carga dos burrinhos pouco diferia das outras vezes, panelas, cântaros, enfusas, barris, tigelas de fogo, asados e uma ou outra tarefa por encomenda. As festas de Monsaraz eram e ainda hoje são ao fim de semana, sempre no 2° Domingo de Setembro, tendo o seu ponto alto no Sábado de tarde com a tourada e á noite o fogo preso, já no Domingo de manhã era o leilão das fogaças no adro da igreja e de tarde a procissão.
Desta vez porque era festa fazia-se acompanhar de um dos seus filhos, rapazola de 7 ou 8 anos que gostava de o acompanhar. Chegados a Monsaraz sábado de manhã e como de costume logo se instalou no quintal do seu amigo TI ZÉ CARDOSO, onde deixaria a carga e os burrinhos, pelo menos por enquanto,  já que à noite iria dormir ao Rossio ( pedaço de terra na encosta Este de Monsaraz e pertencente à junta de freguesia ) para os burros poderem pastar. Tal como se previa e dado o elevado número de pessoas ali presentes o negócio corria de feição, tendo o Ti Zé Elias feito umas boas vendas. Terminado  que estava quase o dia e não podendo ficar para a noite aceitou o convite do Ti Zé Cardoso e jantaram por ali, mas não sem antes ir com o filho à procura de um festeiro para oferecer ao Santo um belo Asado de barro (recipiente de barro com duas asas de tamanho intermédio entre uma panela grande e uma tarefa). Terminado o jantar tirou os burrinhos da cabana, e lá foram em direção ao Rossio, uma vez ali meteram as peias nos burros e com duas sacas de palha improvisaram as suas próprias camas, o dia tinha sido intenso e como tal não demorou muito a adormecerem, por volta da meia noite e em consequência do enorme barulho provocado pelo rebentamento dos foguetes e rodas de fogo em Monsaraz, ambos acordaram, o vento estava de feição e trazia até eles o barulho e o cheiro a pólvora queimada, foi nesse período de semi-sonolência que o rapaz se lembrou e perguntou, ó Pai o Santo tem casa?  O ti Zé Elias respondia, ó filho, a casa do Santo é aquela igreja em frente à igreja de Sta Maria da Lagoa e a que todos chamam igreja de N. Sr Jesus dos Passos, ah ! E têm família voltava a perguntar o miúdo ? Ó filho ! A família são os Cristãos, somos todos nós, respondia o Zé Elias, shiii pai tens que lhe dar mais asados que só um não chega para tanta gente, dizia o rapaz, esperando não haver mais  perguntas ficou o Zé Elias pensando como iria explicar ao filho que oferecer ao Santo era uma força de expressão, já que a oferta era aos festeiros e para a festa, também ele se sentia feliz por poder contribuir para uma comunidade que a ele lhe havia dado tanto, não poderia estar por ali no Domingo de manhã mas seguramente que alguém seu conhecido e amigo iria estar e iriam sentir orgulho nele quando ouvissem o leiloeiro dizer, ESTE ASADO FOI OFERECIDO AO Sr DOS PASSOS PELO TI ZÉ ELIAS DO REDONDO, QUANTO É QUE VALE?.             
   Em Monsaraz o culminar do fogo de artificio era o lançamento do balão, coisa que o Ti Zé Elias desconhecia completamente e que esse ano não estava a ser nada fácil, talvez as mechas não fossem da melhor qualidade já que não produziam chama e ar quente suficiente para o levantamento do enorme balão, após algumas tentativas lá conseguiram, perante o aplauso geral lá foi o balão subindo e começando a ganhar rumo em função do vento, que neste caso estava de poente e ia empurrando o balão para Este na direção do Rossio e do Ti Zé Elias.     No Rossio terminado que estava o diálogo e os pensamentos e quando parecia que estava de volta o sono, eis que o miúdo com voz de medo começa, PAI, PAI, PAI olha lá o que está no céu mesmo por cima das nossas cabeças, o Ti ZÉ Elias nem queria acreditar, uma enorme bola alaranjada toda iluminada e com lume dentro, nunca antes tinha visto tal coisa e nem sequer no relato de outros Almocreves havia memorias de uma tal aparição, nada mais se lhe ocorreu a não ser puxar para si o miúdo e dizer ......... TAPA A CABEÇA RAPAZ QUE ISTO VAI SER O FIM DAS NOSSAS VIDAS ........                             
Esta estória foi-me contada pela Ana Ribeiro . Nossa Conterrânea e distinto membro deste grupo . OBRIGADO ANA

"Autor texto e fotos Isidro Pinto" para Monsaraz a Caminhar

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