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domingo, 21 de março de 2021

MERCEARIAS DA NOSSA TERRA – O TI COELHO

 MERCEARIAS DA NOSSA TERRA – O TI COELHO


Tentaremos um dia destes, falar das mercearias da nossa freguesia e do seu papel socioeconómico à época. Hoje iremos recordar aqui, uma que sem dúvida alguma, na nossa freguesia e nomeadamente no Telheiro, onde estava sediada, marcou uma época. Oriundos da zona centro do país, mais concretamente da zona de Pombal, terá vindo esta família na primeira metade do século XX, segundo consta, terá sido o patriarca, que começou, a aparecer por aqui vendendo ambulante pelas aldeias, vindo posteriormente, por volta dos anos 20 a estabelecer-se no Telheiro. Alguns de nós, ainda nos recordamos do Ti Coelho e muitos mais serão aqueles, a quem ainda é familiar o nome de Carminda, herdeira por natureza da mercearia do Ti Coelho. Atrever-me ia a dizer, que a mercearia do ti Coelho ou da Carminda, como posteriormente ficou conhecida, não era uma mercearia, era assim uma espécie de centro comercial, desde o prego ao parafuso, passando pelas botas de borracha, não esquecendo o arroz e o açúcar, ou a peça de linho para os lençóis, ou à bombazine para um par de calças, ali havia de tudo.
Não resisto a contar aqui, um episódio, que é bem revelador do espírito comerciante do Ti Coelho. Comerciante abastado, e para conseguir bons preços, comprava por vezes em grandes quantidades, foi um dia alertado pelos seus filhos, que devido à enorme quantidade de açúcar, que tinha comprado, este começava já a dar alguns sinais de estar a deteriorar-se. Astúcia de comerciante, era coisa que ao Ti Coelho não lhe faltava, começou logo a pensar, como é que se iria desfazer de tão grande quantidade de açúcar. Um dia apanhou lá na loja, uma cliente, daquelas que ele sabia que era mulher para guardar bem um segredo, chamou-a de parte e disse-lhe, ouve lá FULANA, tu tens muito açúcar? Por acaso até não tenho Ti Coelho! Então olha lá não digas nada a ninguém, mas se poderes, compra mais uns bons quilos, porque vai haver uma grande crise de açúcar, parece que lá para Lisboa, houve problemas com o descarrego dos barcos e vai faltar o açúcar. Passaram-se alguns dias e não tardou, que a Carminda lhe disse-se, olhe pai! Não sei o que é que aconteceu, que desatou tudo a comprar açúcar já se está a acabar, sorria maliciosamente o Ti Coelho e respondia, já sabes como elas são, devem ter começado todas a fazer marmelada e arroz-doce.
Obrigada Antonino por essa memória prodigiosa que nos vai contando estes pequenos episódios da nossa terra.

“Foto Net e textos de Isidro Pinto”

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