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quinta-feira, 29 de agosto de 2019

AS NOSSAS GENTES - Recordar um Montesarense



VAMOS CONTINUAR A FALAR DAS NOSSAS GENTES.



Hoje vamos recordar um Montesarense de nome António Pego mas conhecido por todos nós pelo Farinhas, também ele migrado para a cintura industrial de Lisboa na década de 60/70 na procura de condições de vida que o Alentejo lhe negava. Talvez poucos de nós saibamos que ao entrar no que é hoje e desde á largos anos o restaurante Lumumba, era antigamente a taberna do Pintassilgo e que na sala de entrada onde anteriormente era a taberna existem pintados na parede dois quadros: Um alusivo a uma cena de taberna e outro a uma cena de campo e foram pintados pelo Farinha.

Pintor autodidata de quem ainda me lembro de ver alguns mostradores de relógios de pulso ou algibeira pintados com motivos rurais pelo Farinhas.

Mestre de dança ou ensaiador de baile da pinha foi de facto uma figura marcante numa determinada época. Pintou alguns quadros, sendo que a sua maioria foi para oferecer, apenas restando na família dois ou três.

Obrigado Farinhas pelo legado que nos deixou. Obrigado Lumumba por preservar até hoje aquilo que é seu mas que são memórias de todos nós. Os meus agradecimentos à Gina Alves pela autorização deste pequeno texto sobre o seu pai.

"Autor do texto e fotos  Isidro Pinto" para Monsaraz a Caminhar




sábado, 24 de agosto de 2019

OS MEDOS E OS MITOS


O BUNDA E O MEDO DA TORRE DAS FEITICEIRAS



Monsaraz era á época e á semelhança de quase todas as vilas acasteladas campo fértil para a imaginação dos medos e bruxarias, era frequente dizer-se que aparecia um medo aqui ou acolá, andava o meu amigo António Morais, conhecido por todos nós pelo Bunda como ajuda do alavão (conjunto de tarefas inerentes a ordenha e fabrico dos queijos) no monte do Xerez e como á época já namorava a ti Rosa eram frequentes as vindas a Monsaraz, o trabalho era de sol a sol o que implicava que tudo o resto se fazia de noite.

Na ladeira da Barca e quase a chegar ao S. Cristóvão, era o sítio onde se dizia que aparecia um medo, nessa noite, depois do namorico passou ainda pela taberna e deixou que a noite fosse um pouco mais avançada que o normal, afinal era um jovem e aos jovens nada lhe mete medo, passou por casa dos pais e pegou o pequeno alforge com o pão que havia de levar para a malhada, alforge ao ombro bordão de zambujo na mão e um ultimo olhar ao pequeno relógio de algibeira que lhe havia ofertado o seu avô no dia dos seus dezoito anos, quase meia noite, não era medroso, mas lembrou-se que era a hora que diziam que aparecia o medo por de trás do castelo, um respiro de jovialidade e pensou para si á!!!! Balelas, ele que apareça que ainda leva com o zambujo no lombo. Saiu pela porta de Alcova e passando por detrás do Castelo, apanhou a ladeira da Barca que o havia de levar ao S. Cristóvão e posteriormente ao Furado, rumo ao monte do Xerez, a noite escura como breu não deixava ver um palmo á frente do nariz, estava agora já na ladeira da Barca e quase a chegar ao S. Cristóvão, quando, como se alguém lhe tivesse passado uma rasteira ou apanhado os dois pés ao mesmo tempo se estatelou completamente ao comprido, o alforge saiu-lhe do ombro e o bordão quase lhe caia da mão, tateando no escuro, levantou-se apanhou o alforge e ó pernas para que te quero, não corria porque a escuridão não o deixava mas tentava sair dali o mais depressa possível, porque afinal aquela coisa do medo se calhar era verdade, alguém o tinha derrubado. O caminho até ao monte foi feito em tempo recorde. Não contou a ninguém, mas jamais lhe saía da cabeça, no dia seguinte, necessitando de ir a Monsaraz e terminada a ordenha das ovelhas da manhã, foi o Bunda falar com o Bolas (encarregado dos queijos).

- Ó ti Bolas vossemecê hoje devia deixar-me sair mais cedo para eu ir a Monsaraz.

- Outra vês Tonho, olha que aquilo não se acaba dizia o Bolas, deixando escapar algum ar malicioso fazendo entender que se referia ao namoro do Bunda

-Não senhor não é isso é que queria ir ao Telheiro á dos Patinhas tirar medida para umas botas, e queria chegar por ali ainda de dia, dizia o Bunda, já mais iria deixar entender que na noite anterior se ia borrando todo com o medo da Torre das Feiticeiras. Convencido o Bolas lá consegui-o a solta (termino do dia de trabalho) um bocado antes do pôr do sol.

Alforge ao ombro, bordão de zambujo na mão, tomou a estrada do monte que o havia de levar a Serra do Xerez e posteriormente a apanhar a Ladeira da Barca. Era um fim de tarde primaveril, onde os cheiros se confundiam e a vida fervilhava á sua volta, ouviam-se cantar as perdizes e os coelhos corriam á sua frente a esconder-se nos covais, aqui e ali um outro mocho empoleirado em alguma pedra mais alta, esperando que chega-se o anoitecer. Para traz haviam ficado já a Vinha das Soalheiras e a Cova da Mulher, caminhava já na Ladeira da Barca quando se deu conta que embalado por tudo o que o rodeava, se esqueceu momentaneamente do motivo da sua ida a Monsaraz, e do Medo da Torre das Feiticeiras, á medida que se aproximava do lugar dos acontecimentos, voltavam a si os receios e as perguntas sem resposta, que coisa teria sido aquela? Que de uma forma tão limpa o derrubara puxando-lhe os dois pés ao mesmo tempo e que ruído teria sido aquele? Que se assemelhava ao restolhar de algo que se afastava. Não era medroso! Mas tinha que admitir que ontem lhe tinham feito meter as cabras no curral, avistava já a Torre das Feiticeiras e pelas suas contas não devia estar longe, do lugar onde o medo lhe apareceu, apanhou o bordão com mais firmeza, levantou-o, deixando que descaísse sobre o ombro, ficando assim a meio caminho de dar uma boa bordoada se fosse necessário, a atenção era agora redobrada, tentando encontrar uma pegada ou algo que o pudesse ajudar a esclarecer tudo aquilo, nada, a não ser um burro branco, que pastava num dos currais junto á ladeira, que nesta zona é delimitada por pequenos muros de pedra, foi ao aproximar-se mais que se deu conta que havia uma corda atravessada na ladeira, alguém tinha prendido um burro no curral de cima, mas este saltara os muros, para o curral de baixo fazendo com que a corda ficasse em tenção a atravessar a ladeira.

Falava agora o Bunda sozinho. Á BURRO DUM LADRÃO QUE ME PREGASTE UM CAGAÇO DE MORTE. estava para ele explicado o medo da torre das feiticeiras.

OBRIGADO BUNDA OXALA O TEMPO NOS DÊ TEMPO PARA CONTARMOS MUITAS ESTÓRIAS


"Autor texto e fotos Isidro Pinto" para Monsaraz a Caminhar



domingo, 18 de agosto de 2019

NA ROTA DAS AMORAS


A PRIMEIRA CAMINHADA DE MUITAS .... 

ABRIMOS A ÉPOCA  COM 


A ROTA DAS AMORAS SILVESTRES

ALGUNS MEMBROS DO GRUPO NO PONTO DE ENCONTRO







O NOSSO PERCURSO


"Autor texto e fotos Isidro Pinto" para Monsaraz a Caminhar

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

ASSIM SE CANTA EM MONSARAZ


VAMOS VALORIZAR O QUE É NOSSO ……….
GRUPO CORAL DA FREGUESIA DE MONSARAZ







GRUPO CORAL DA FREGUESIA DE MONSARAZ

Monsaraz terra de excelentes vozes, teve o seu primeiro grupo coral dedicado à divulgação do cante alentejano, em princípios de 1975. A Casa do Povo, proporcionou-lhes então todo o apoio logístico possível na altura, tendo suportado as despesas de aquisição do traje e facultado instalações para os ensaios. Este grupo, por vários motivos, parou a sua atividade em 1980.
Em 1985, sob a égide da Assembleia de Freguesia de Monsaraz, o Grupo voltou a reconstituir-se, tendo como membros participantes a maioria dos elementos do anterior. Ensaiava nas instalações da Junta de Freguesia e da Misericórdia. Também devido a circunstâncias diversas, veio a desaparecer no início de 1990.
Em 2002 renasce novamente o Grupo, e de novo com a maioria dos elementos que compunha os anteriores, pessoal nascido e residente na nossa freguesia, com profissões nas mais variadas áreas desde a pastorícia á indústria da restauração e hotelaria.
O Grupo Coral da Freguesia de Monsaraz escolhe para seu traje um fato domingueiro em usos nesta região nos fins do século XIX princípio do século XX. Desde o chapéu às botas, passando pelas camisas e jaquetas, pretendeu-se dar a conhecer e manter um traje muito habitual no ambiente em que muitas vezes o cante alentejano se praticava – aos domingos e dias de festa ou em ambientes de relação social – quando se tomava um copo nas tabernas, adegas ou em festas de família.
O Grupo Coral da Freguesia de Monsaraz fez a sua reapresentação pública em 24 de agosto de 2003, em Monsaraz, após uma cerimónia religiosa de consagração a Santa Maria da Lagoa, orago da Freguesia de Monsaraz.
Em julho de 2005, o “GRUPO CORAL DA FREGUESIA DE MONSARAZ” edita o seu primeiro trabalho discográfico com o lançamento de um CD com o título “Monsaraz Varanda do Alqueva”, em julho de 2011 apresenta um novo álbum (DVD/CD) com o título “Monsaraz - águaterracante”, e, em dezembro de 2014 apresenta o DVD/CD “Monsaraz do Natal aos Reis”, este com a participação do Grupo à Capela (dos Açores) Manuel Sérgio e José Farinha e ainda do Quarteto de Cordas Baccus, contendo apenas e só cante religioso praticado nesta zona do país.
Realiza anualmente um Encontro de Grupos Corais – “A Festa do Cante nas Terras do Grande Lago” – (último fim de semana de julho) e ainda um “Concerto de natal c/ Cantes ao Menino, e cante de Reis pelas ruas da vila”, em Monsaraz.
Tem uma média aproximada de 30 atuações por ano, de Norte a Sul do País, em eventos de autarquias locais, colóquios, feiras temáticas, festas populares, programas de televisão e de rádios locais e regionais, encontros de grupos corais, etc….
Presentemente o grupo é composto por vinte e cinco cantadores, numa faixa etária entre os 14 e os 82 anos de idade, todos eles oriundos do Concelhos de Reguengos de Monsaraz, e tem a sua sede na Casa do Cante em Telheiro-Monsaraz (Adaptação da antiga escola primário).
Mestres do Grupo:
Até junho de 2004 António Joaquim Morais Cardoso 
Desde Junho 2004 Serafim Berjano da Silva

"Autor texto e fotos Isidro Pinto" para Monsaraz a Caminhar