Pesquisar neste blogue

terça-feira, 25 de junho de 2019

MARIA JOAQUINA E JOAQUIM MANUEL

O NAMORO DA MARIA JOAQUINA E DO JOAQUIM MANUEL 


Nas grandes herdades era normal nos trabalhos sazonais, monda, azeitona ou ceifa haver ranchos de gente de várias procedências, nomeadamente de freguesias vizinhas, foi assim que o Capelinense Joaquim Manuel e a Montesarense Maria Joaquina se conheceram. Desta vez a ceifa era na parte Sul da Herdade do Roncanito já quase a bater no Moinho do Gato. O Joaquim Manuel era um rapazolas robusto e bem parecido, que logo iria cair nas graças da Maria Joaquina também ela uma moçoila bonita de pele morena, grandes olhos pretos e longos cabelos da mesma cor a deixar adivinhar algum sangue sarraceno que lhe corria nas veias . Piscar de olho aqui, beijinho roubado por detrás de algum releiro ali, lá foram consolidando o namoro de tal forma que quando a ceifa terminou era já um namoro sério. Acertaram entre ambos que ele a visitaria em Monsaraz aos Domingos para dar continuidade ao namoro. De Monsaraz o Joaquim Manuel pouco ou nada sabia, a não ser aquilo que da parte mais alta dos Monte Juntos via, que era lá longe um enorme cabeço com um castelo. Chegou o primeiro dia de namoro e teve o Joaquim Manuel algum cuidado extra em aperaltar-se, afinal não queria fazer ruim figura em terra estranha, camisa de colarinho baixo xadrez miudinho e calcinha de cotim azul a condizer , para calçar levaria as botas novas que havia comprado com o dinheiro da ceifa na feira de St. Maria . Depois de uma semana de trabalho de sol a sol fazer todos aqueles km a pé e subir as ladeiras de Monsaraz não era tarefa fácil mas nada que a sua jovialidade e robustez não superasse , esqueceu-se o Joaquim Manuel que as botas eram novas e isso iria complicar a parte final da viagem já que começavam a magoar os pés. Pelas indicações que a Maria Joaquina lhe havia dado não foi difícil dar com a sua casa, chegou, fez-se anunciar batendo à porta e logo foi encaminhado para a janela destinada ao namoro, para surpresa sua a dita janela não era um primeiro andar mas quase já que tinha que estar de pescoço esticado e chegar à Maria Joaquina nem no bico dos pés, passaram-se assim um Domingo ou dois até que para o Joaquim Manuel naquelas condições o namoro começou a esmorecer. Até que um Domingo saiu de Capelins disposto a pôr fim aquela relação, o caminho parecia-lhe agora mais curto, não só porque já o conhecia melhor mas também porque havia solucionado o problema das botas, trazia agora umas alpergatas que havia comprado em Cheles e só calçava as botas quase a entrar em Monsaraz, escondendo as alpergatas num buraco das muralhas para o qual havia arranjado uma láge à medida para o tapar. Nesse dia chegou e como de costume depois de se fazer anunciar dirigiu-se para a dita janela onde já o esperava a Maria Joaquina, depois de um breve boa tarde e sem lhe dar tempo para mais nada imediatamente lhe declamou uma quadra. 

AS LADEIRAS DE MONSARAZ
SÃO CUSTOSAS DE SUBIR 
ARRANJA OUTRO RAPAZ
QUE EU NÃO TORNO CÁ A VIR 

Virou costas e nem esperou pela resposta, passou pela porta de Évora tirou as alpergatas do buraco e tomou a direção do Telheiro rumo a Capelins onde algum tempo depois arranjou uma rapariga não voltando a saber nada mais da Maria Joaquina ...............................Lenda ou realidade o que é um facto é que esta quadra é muito conhecida em Monsaraz, vezes sem conta a ouvi ao falecido e saudoso Zé Veladas. 

Janela em Monsaraz


"Autor texto e foto Isidro Pinto" para Monsaraz a Caminha

Sem comentários:

Enviar um comentário