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quarta-feira, 26 de junho de 2019

O GUARDA DAS CHARRUAS


O GUARDA DAS CHARRUAS

Nesse ano a folha de sementeira era a das Lameiras, pedaço de terra pertencente à Herdade do Barrocal mas já paredes meias com o Xerez, tendo apenas a separa-las o Ribeiro da Velha, ribeiro nascido no Barrocal e afluente do Guadiana lá para os lados de D. Amada de Baixo. Como as Lameiras ficavam a uma considerável distância do monte do Barrocal lá se instalou a choça do guarda das charruas que iria servir de residência ao Jorge Fraldas (assim alcunhado por andar sempre de fralda fora). Ao guarda das charruas eram normalmente atribuídas algumas outras tarefas, destacando-se de entre elas a de aguadeiro, a quem competia ir à fonte de melhor qualidade de agua e mais próxima encher os cântaros para o pessoal beber. Corria a sementeira de uma forma normal até que o feitor, à data o António Bento se começou a dar conta que à hora de enrregar sobravam parelhas, o que era sinal que faltavam homens ao trabalho, vindo posteriormente a saber que tinham ficado doentes com soltura (diarreia ou caganeira), como o problema se vinha agravando, uma manhã deu ordem para alguém lhe preparar o cavalo e resolveu ir às Lameiras. Estava o Fraldas fora da choça cuidando do lume e das muitas panelinhas das sopas quando por altura do Brajel avistou ao longe o Tonho Bento no cavalo e pensou, ó diabo, o feitor por aqui a esta hora, não deve ser coisa boa. O feitor era homem de poucas falas mas chegou e disse. Bom dia Fraldas Bom dia Sr António respondeu o Fraldas enquanto se apressava para segurar as rédeas do cavalo para o feitor desmontar em segurança, enquanto isso acontecia foi o feitor começando a falar . Olha lá ó Fraldas, ando aqui preocupado com uma coisa, o que é que tu fazes aos homens que anda tudo a adoecer com caganeira. Respondeu o Fraldas ó Sr António eu nada, eu trato-os bem, mas eles às vezes deitam-se-me aqui ao Sol. Para bom entendedor meia palavra basta e percebeu o Fraldas que a partir de ali já estava debaixo de olho, DEIXOU DE ENCHER OS CÂNTAROS NO RIBEIRO DA VELHA e começou a ir ao Poço das Brites á agua, pouco a pouco os homens foram melhorando e regressando ao trabalho. Esta estória foi-me contada pelo meu amigo Marreneco e as funções do Guarda das Charruas foram-me descritas pelo amigo Zé Barradas.

"Autor texto e foto Isidro Pinto" para Monsaraz a Caminhar

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