Pesquisar neste blogue

sábado, 7 de novembro de 2020

A ROCHA DO GEME-GEME


A rocha do GEME-GEME

Chegou até aos nossos dias na memória de alguns de nós, aquilo que ainda hoje continuamos a chamar de ROCHA DO GEME-GEME e que o respeitável padre Carmo Martins na seu bonito romance Monsaraz Vila Morta a ela se refere da seguinte forma:

“Tratava-se de uma conversa noturna. Ele e outros, solidários no mesmo desejo de ganhar a vida, buscavam o escuro para não serem rondados os seus passos, ouvidas as suas palavras. É que temiam a fria, a vil denúncia de algum inimigo ou a inconfidência ingénua de amigos tagarelas. Por isso combinaram a uma hora adiantada da noite e um lugar escuso, onde a rocha se abria em caverna e, segundo uma lenda popular de eriçar os cabelos, se ouvia, em certas noites e a horas que ninguém adivinhava, uma voz de queixa – alma penada ou bruxa. O povo, na sua crendice, em que o humano e o divino se misturavam confusamente, chamava-lhe a “Rocha do Geme-Geme”. Alguns dos que ali passavam em noites tempestuosas de Inverno, quando as sombras das árvores parecem dançar e as cabeças dos rochedos assomam nos visos dos outeiros, contavam histórias de medos: fantasmas deslizando em busca de descanso eterno, pedindo rezas ou monologando fundas tristezas do além-mundo.”

“Foto Isidro Pinto”                                    

Sem comentários:

Enviar um comentário